Capítulo I.4

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O melhor presente!

Capítulo I.4: Vivendo entre páginas

-WOW! Não creio que ele fez isso! Já shippo! - fechei o livro e comecei a surtar pela cena que li, abraço meu travesseiro, apreciando o momento.

-HEY! - subitamente ouço batidas na porta. - ANA! - cantarolou meu nome. Me levantei da cama risonha, já sabendo quem era.

Arrumei levemente meus cabelos, quando abro a porta vejo os olhos brilhantes de Pietro me mostrando um poster de seu filme favorito.

-Tcharam! - aproximou o poster do meu rosto.

-Tira essa coisa feia daqui! - o afastei, com uma falsa apatia.

-Tudo bem, existem pessoas como você: não sabem o que é coisa boa- ele adentrou o meu quarto, sentou-se no chão e se apoiou na parede.

-Olhe só, tá todo se achando, hein?! Você não sabe o quão apurado é meu bom gosto! Já te falei para largar disso e procurar ver obras do Studio Ghibli¹! - ele me olhou com cara de poucos amigos, fingiu indiferença e passou a admirar seu poster.

-Hey, Pietro! - ele me olha hesitante - Qual eu seria? - mostro no meu celular um vídeo, apresentando mulheres piratas, da realeza e camponesas.

Ele responde sem hesitação:

-A camponesa! - minha decepção fica escancarada.

-Aff...! - resmungo.

- Seria a camponesa e não seria a mais bonita!- Ele riu.

-CHEGA, TÁ? - jogo o travesseiro nele.

-Calma! Tu seria a mais inteligente! - Ele estende as mãos em rendição.

-E bonita?

-Não gosto de mentir, Ana. Você não seria mais bonita e... Aí!! - jogo outro travesseiro nele - FOI VOCÊ QUEM PERGUNTOU!

-PRA QUE INIMIGO SE EU TENHO VOCÊ, NÉ? - começo a expulsá-lo do quarto.

-Carlos, sua irmã tá me agredindo!!- Ele esbraveja enquanto ri.

×××

Olhando para o semblante de Onésimo, acabei amarelando na ideia de dizer sobre minha transmigração ao livro. De que adiantaria? Eu ia mesmo revelar que toda a vida dele foi limitada a meras palavras e que nada do que ele viveu, sentiu e sonhou era real? Por que revelaria isso? Ainda mais agora, que iria visitar o túmulo de sua família.

-Acabei mudando de ideia. Deixe pra lá! - murmuro.

-Ah! - ele fechou a cara, franziu o cenho. Feição esta que conhecia muito bem. - Neste instante, tu vais falar sim! Tu e Fynn sabem me irritar de igual maneira! - andou em direção ao balcão e encheu seu copo com água.

-Hein?

-Isso mesmo que ouviu! Achaste mesmo que não descobriria que são do mesmo lugar? - minha respiração tornou-se pesada, tentei controlar minha feição mas logo comecei a me sentir agitada. Como ele descobriu?

-Como...?

-Deveriam esconder melhor, sabe? Está escrito em suas testas! - deu um sorriso debochado - E então? Estás pensando em voltar para lá?

-Bem, sim... ! Mas, desde quando soube?

-Os dois falam de forma estranha, uma informalidade e gestos iguais. Claro, Fynn acabou enfraquecendo tais hábitos, mas tu me fez lembrar os modos dele há um tempo atrás.

Soltei um risinho. É estranho imaginar aquele homem surtando igual a mim.

-Tu vais voltar a sua cidade natal?- Onésimo voltou a falar.

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