Capítulo II.4

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O melhor presente!

Capítulo II.4: Colocando os pingos nos is.

Passou-se quase 3 semanas. A Caçada Anual foi adiada para o próximo mês, devido ao sumiço do cavalo do Fernando, a Corte decidiu rever alguns planejamentos. 

Soube que os príncipes estão aqui, mas todos devem estar com a Teresa tendo algumas peripécias e algum momento romântico. 

Não sei… Dom me disse que algumas coisas que ele imaginou enquanto escrevia, estão aqui. Como por exemplo, as aparência dos personagens são idênticos ao que ele pensou, mas coisas gerais como "a mulher", "a casa", "o jovem"; o próprio livro tratou de seus respectivos traços. 

E agora, que o roteiro aos poucos é quebrado, tudo fica imprevisível e novo…

Durante essas três semanas, evitei o Dominique. Eu acho que é o melhor. Não posso ajudá-lo com informações de livros, não posso ajudá-lo no trabalho dele, nem sou ótima em adaptar-me ao ambiente. Um peso morto, resumindo. 

E além que a minha cara deve ser um duro lembrete de tudo que estamos vivendo aqui, é por sua causa. Então…, acho desnecessário muito contato. Evitá-lo deve ser um alívio para ele, menos situações com o que se preocupar. 

Entretanto, nos vemos em determinados dias e horários para passar o relatório de nossas observações e condutas que ajudam a nossa ida pra casa. 

Vejo que ele realmente está se esforçando…, ele gradualmente dá dicas ao Fausto para conseguir provas de corrupção do Pil-gu, aos poucos cumprimenta o Fernando (conversas a respeito do estábulo e do gerenciamento de uma égua para a Caçada Anual). Todavia, de alguém que queria passar despercebido, é um grande salto.

A cada relatório meu, posso ver um pouco de sua decepção. Sim… eu não faço nada. Durante esse tempo, eu tenho me escondido e evitado qualquer contato ou interação que tenha a ver com meu retorno ao mundo real. 

Mas, o tamanho da minha irresponsabilidade só caiu sobre mim durante uma das nossas reuniões de relatório. Em que, de forma incomum, ele pediu para que eu começasse. Assim, com o meu relato escasso e pobre, ele se levantou, pôs seu chapéu, inclinou a cabeça em despedida e declarou:

— Até, senhorita Annika. — sua face fechou-se, dura. 

Ele, após nossas interações na vila, frequentemente me chama de "Bambi", poucas vezes por meu nome real e…, só me chama pelo nome da personagem quando estamos no meio de muita gente, para assim manter a máscara. 

Então… ele me tratou como se estivéssemos no meio dos fictícios embora, estivéssemos a sós. Como se eu… fizesse parte daqui. 

Tal ato dizia um claro "está fazendo o necessário ou o suficiente?". Eu quero voltar para casa, mas… eu agi com fanfarrice e  descaso… 

Eu preciso encarar isso. Eu preciso dar o melhor de mim. Se eu quiser voltar para casa, terei mais cicatrizes em mim, terei dores no caminho… mas eu preciso ter bom ânimo. Eu preciso ser corajosa o suficiente para ir com tudo, mesmo sendo atingida por algumas vezes. 

Com isso, decido mudar. E no mesmo dia de mudança, acabo por observar que as serviçais daqui, não importando o departamento de seu local de trabalho (seja limpeza, ornamentação e afins), estão sempre lindas. Até as feições delas mais comuns tem um "quê" de extraordinário, afinal, exalam feminilidade. 

E, nesse momento, entro num corredor e fito-me no espelho: minha pele, que tem cor de caramelo, está pálida como leite coalhado, claramente mostrando tudo, menos saúde. Meus olhos puxados estão constantemente inchados e de brinde, com olheiras profundas. Meus longos cabelos mostram claramente suas pontas feias e, ele em si, está ressacado; piorou porque desde sempre o amarro no coque e me tornei indiferente a ele. Lábios ressecados e pálidos…

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