Capítulo III

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O melhor presente!

Capítulo III: Quebra de roteiro

— Eu sou uma batata? A cada capítulo que passa, sinto que me fazem de purê...! — olho uma bolinha roxa na minha canela — Ah, mas o Navarro não teve culpa... não é? — suspiro.

Ouço passos. Mal pude me esconder e o sujeito ficou em minha frente. Ergo relutantemente o rosto e vejo seus olhares estreitos e aguçados examinando-me com certa apatia.

— O que aconteceu? — ele viu de relance o meu hematoma.

— Dom...! — olho ao redor — Digo, Sr. Fynn..., bem... Não foi nada!

Ele olhou seu relógio de bolso.

— Tenho vinte minutos. Conte-me rápido, Bambi.

Suspirei, derrotada. Assim, ao narrar o que ocorreu, passo a relembrar de forma vívida.

Após notar que Fernando se aproximava de mim com a espada erguida, o boato de que um filme de nossas vidas se passa em segundos às vésperas de nossa morte é mentira. Ou pelo menos, não funcionou comigo porque talvez não fosse, de fato, a minha morte.

O Príncipe Herdeiro simplesmente jogou a espada ao meu lado. Depois de sentir que minha pulsação estava retornando, gradualmente, à normalidade pude finalmente indagar:

— O que está acontecendo, Alteza?

— Senhorita Louca, lembro-me claramente de dizer-te que investigaria a tua pessoa. Assim, pondo em cheque tua índole. É chegada essa hora.

Investigações...! Investigações! Estou realmente farta disso!

— Como fará isso? Como chegará à conclusão em tua investigação? — me contive a dizer isso.

— Luta tu com meu soldado!

Pisquei duas vezes em descrença. Estaria eu ainda com sono? Estaria em um pesadelo?

— Como é?

— Não vou repetir.

— Calma! Calma! — gesticulei e me levantei às pressas.

Quando refletia e olhei ao redor, pude entender. Fernando não queria que eu realmente lutasse com seu soldado. Muito menos queria que eu o vencesse, isso é obviamente impossível. Contudo, o ruivo queria checar minhas fontes! O Príncipe queria realmente ver meu caráter. Afinal, no meio da dor e do desespero é onde nosso eu é mostrado.

Ele esperava que, se eu fosse capanga de alguém, com certeza meu "chefe" iria lá e usaria de seu poder para me proteger, principalmente se fosse Pil-gu.

Ele com certeza deve ter dado alguma mensagem para que se meu suposto chefe tivesse lido, fosse me salvar. Todavia, não sou capanga, apenas subordinada. Ninguém virá me salvar. E, sou inocente.

Se o jovem Cury tivesse feito isso com um bandido de verdade, adoraria ter lido! Mas, o imprudente faz uma coisa dessas com um ser inócuo! Sou ré. Onde está aquilo "inocente até que se prove o contrário"? Não, não! Para este ruivo, é o contrário. Preciso provar minha inocência!

— Este é o Sir Navarro, com quem lutarás. Fica bonançosa! Ele não faz acepção de pessoas. — um rapaz com cabelos padrão militar ficou em minha frente. Seus olhos estavam fechados de forma incomum.

Ele então desliza o pé ao redor, conhecendo o terreno. Ele é cego! Lembro de ter lido algo parecido! Navarro é um de seus guardas de confiança, são amigos desde a infância!

— Fernando, isso é realmen...

— A luta iniciará! — o ruivo interrompe seu soldado.

— Sinto muito, senhorita! Nosso Príncipe está passando uma péssima impressão a ti. — Navarro comentou de forma baixa.

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