0. O Príncipe das Sombras

228 21 210
                                    

Aemond Targaryen gostava de pensar em si mesmo como um homem tão simples quanto um príncipe poderia ser: não era aficcionado pelos tecidos da moda, achava ridículo quando homens se enfeitavam com tanto ouro que chegavam a competir com suas esposas...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Aemond Targaryen gostava de pensar em si mesmo como um homem tão simples quanto um príncipe poderia ser: não era aficcionado pelos tecidos da moda, achava ridículo quando homens se enfeitavam com tanto ouro que chegavam a competir com suas esposas e certamente não perdia seu tempo conversando sobre meretrizes e javalis. Arriscaria-se a dizer que nem ao menos se importava com bens materiais, embora soubesse que tamanho desapego só era possível por tê-los em excesso. Se dependesse dele, passaria todos os seu dias voando com Vhagar, treinando com espadas e ouvindo as histórias que Haelena lhe contava.

Mas não era nenhum tolo: sabia que esses prazeres só lhes eram permitidos porque tinha o sangue certo e o sobrenome mais poderoso de Westeros, que lhe garantiam o título de príncipe por sua mera existência. Seu irmão mais velho poderia até achar que tudo aquilo lhes dava um passe livre para fazerem o que bem entenderem, mas Aemond tinha plena consciência da responsabilidade que era jogada em seus ombros e do dever que tinha para com sua família e para com seu povo. A última parte, a bem verdade, era apenas algo que dizia a si mesmo quando precisava se convencer de que não era tão egoísta quando o acusavam. A maior parte do tempo, no entanto, a única coisa que o impedia de queimar toda a população de King's Landing era pensar no quanto os gritos assustariam Haelena.

De qualquer forma, aturar camponeses degenerados que achavam-se mais virtuosos do que a nobreza apenas por não possuir dinheiro era um preço pequeno que se pagava por uma vida como aquela. Fazia parte do cumprimento de seu dever, assim como quando deixava Alicent o vestisse com aquelas horríveis sedas esverdeadas e até mesmo permitia que o enfeitasse com várias correntes e anéis.Também era por cortesia a sua mãe e ciência do peso que carregava que a ouvia falar desenfreadamente sobre a questão da sucessão, tentando fingir que a sua obsessão extrema não o assustava.

Mas a única coisa que lhe dava mais medo do que as aspirações megalomaníacas de sua mãe, era quando Alicent ficava em silêncio. E, nos últimos dias, vestia-se de couro curtido, sujara todo o piso do salão do trono com bosta de dragão e até mesmo acompanhara Aegon em uma de suas bebedeiras. E estranhamente, nada. Nenhuma reprimenda, nem mesmo um grito de Otto. Alguma coisa não estava cheirando bem, e tinha certeza que não tinha nenhum presente de Vhagar em suas botas daquela vez.

Suspirou, virando em um dos muitos corredores de Red Keep. Não era preciso ser um grande gênio para perceber que tinha algo muito errado acontecendo, e precisava chegar a Aegon antes que sua mãe o fizesse. Geralmente, quando os dois se encontravam sem a intervenção de Aemond, qualquer conversa cordial transformava-se em uma briga descomunal que invariavelmente terminava com uma das bochechas de Aegon inchada de tantos tapas. E embora às vezes concordasse com a matriarca, ver seu irmão mais velho apanhando como um cachorro dificilmente estava entre seus momentos favoritos do dia.

Esgueirou-se para uma porta escondida embaixo de uma das escadas, entrando em um corredor estreito que dava acesso a outra das passagens secretas do castelo. Pelo que se lembrava, esse era o esconderijo mais recente de Aegon para se encontrar com suas meretrizes. Se ele não estava enchendo a cara com cavaleiros no pátio e nem passeando com Sunfyre, era o único local que seria lógico encontrá-lo. Era um caminho curto, que levava até uma pequena sala com um único sofá velho e uma porta de madeira maciça, que sabia dar acesso à um quarto. Pensava que nada naquela semana poderia lhe surpreender mais, até que as chamas do archote que carregavam iluminaram os cantos da pequena sala de entrada, revelando que não estava sozinho.

A Era dos DragõesOnde histórias criam vida. Descubra agora