Levou um tempo para que Valena conseguisse estabilizar Rhaenyra, e o quarto já estava todo impregnado com o cheiro desagradável de arruda sendo queimada, o que o deixava tonto. Ainda assim, preferia mil vezes que ele próprio desmaiasse que qualquer coisa de grave acontecesse com sua esposa e sua filha, então obrigou-se a manter-se firme e entoar os cânticos junto com Vaelena, parando apenas quando Rhaenyra já estava quase adormecida, parecendo um anjo com os símbolos feito em sangue em seu rosto.
Uma parte de si queria permanecer em seu quarto e deitar-se junto a ela, mas sabia que ainda não poderia o fazer. Precisava ver Jacaerys, o rapaz estava praticamente em lágrimas quando levaram Rhaenyra para o quarto, a combinação da notícia da morte de seu avô e o medo de perder sua mãe sendo o suficiente para abalar qualquer um. Depois de uma rápida passada na sala, onde pode ver suas gêmeas sendo consoladas pela avó, não se surpreendeu com a notícia de que o moreno preferiu isolar-se em seu quarto a lidar com Rhaenys.
Quando abriu a porta, viu seu filho levantar-se rapidamente para recebê-los, o rosto inchado e a pele muito branca ainda avermelhada e molhada, não que Daemon precisasse desses sinais para saber que ele provavelmente passou as últimas horas chorando. Respirou fundo, pronto para uma longa conversa.
— Gostaria de pedir perdão pelo meu comportamento no dia de hoje, senhor. — a voz de Jacaerys saiu embargada, mas precisava admirar seu esforço para mantê-la estável.
— Não precisamos ter essa conversa agora. — Daemon suspirou, sentindo seu coração pesar. Não era nenhum carrasco.
— Eu prefiro terminar logo com isso, se não for lhe incomodar. — Jacaerys pediu, abaixando a cabeça. De fato, se havia uma coisa que o mais novo odiava era ter que esperar por uma bronca, a ansiedade lhe consumia por dentro.
— Então olhe para mim, Jacaerys Velaryon. — Daemon exigiu, tornando seu tom inflexível e sendo prontamente obedecido. Não sabia o motivo das crianças continuarem com aquele hábito se já sabiam que só conseguiriam deixar o pai mais irritado. — De fato, seu comportamento hoje foi inaceitável, por vários motivos. Sabe muito bem que não deve atacar um convidado, muito menos quando faz parte de nossa família. Não me interessa quais problemas podem ter tido no passado, não me interessa se Aegon foi grosseiro com você, sabe muito bem que não é desse modo que resolvemos as coisas aqui. Se houver qualquer outro desentendimento entre vocês, quero que sentem e conversem, ambos têm idade para isso, ou então me chamem. Entendeu?
— Sim senhor. — Jacaerys assentiu rapidamente, compreensivelmente constrangido.
— E não bastasse o meu aviso hoje de manhã, não precisou se passar nem um dia completo para que eu lhe flagrasse sendo grosseiro novamente. Sabe melhor do que falar com alguém assim, filho, e gostaria que se lembrasse disso não apenas quando está na minha frente. — Daemon precisou se obrigar a continuar, mesmo que seu coração doesse ao ver novas lágrimas caindo dos olhos castanhos do mais novo. — Principalmente agora, você é o herdeiro de sua mãe e será nomeado príncipe de Dragonstone. Precisa comportar-se como tal, e isso não é sinônimo de agir conforme seus instintos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Era dos Dragões
FanfictionAegon Targaryen nunca quis ser rei. Desde cedo, sabia que não tinha o necessário para ser um governante, e estava plenamente feliz com a vida de um segundo filho, podendo gastar o ouro de sua família enriquecendo os donos dos bordéis de King's Landi...