10. Sombras do Passado

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Quando Vaelena saiu do quarto de Rhaenyra, estava exausta

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Quando Vaelena saiu do quarto de Rhaenyra, estava exausta. Rituais de cura eram sempre os que mais exigiam de sua energia, principalmente quando envolviam crianças ainda no ventre, mas havia um certo prazer em cumprir sua função. É claro, escancarar sua posição de uma religião antiga e pagã certamente fez com que aumentasse os olhares desagradáveis que recebia, mas não se importava mais.

Ainda assim, conforme descia para o salão principal, sentia uma animação quase infantil tomar conta de si. Era como se voltasse a ser uma criança que acabou de sair de um longo castigo, pronta para deitar no colo de sua tia Rhaenys e receber seus afagos sempre muito carinhosos. É claro, dificilmente poderia reviver aqueles momentos como uma mulher adulta, não seria apropriado e já podia ouvir a voz de seu pai a repreendendo por se portar de forma fraca - apesar dele próprio a encher de afagos quando ninguém estava vendo. Não se surpreendeu ao encontrar Rhaenys sozinha, em um sofá negro próximo a lareira, encarando as chamas com seus olhos violetas desfocados.

— Irá apenas ficar me encarando, ou se juntará a sua tia? — a Lady de Driftmark questionou, sem virar-se para ela.

— Se eu não conhecesse sua inabalável fé na Mãe, diria que está tentando ler as chamas. — Vaelena provocou, aproximando-se lentamente.

— Apesar de não compartilharmos a mesma religião, aprendi algumas coisas com Daena. — Rhaenys deu um pequeno sorriso, finalmente olhando para a sobrinha. — Embora não tenha a mesma habilidade que seus pais, escuto-os sussurrar.

Assentiu, se sentando e reprimindo as lágrimas que insistiam em cair quando se lembrava de seus pais. Maekhor não tinha muita paciência para investigar o futuro, mas suas previsões eram sempre assustadoramente precisas. Daena Velaryon, por sua vez, parecia ter nascido para aquilo. No fim da sua vida, era encontrada a maior parte do tempo na frente de uma lareira, e agora perguntava-se se já tinha visto o que aconteceria com ela.

— E o que as chamas estão dizendo? — questionou, curiosa, recostando seu braço no metal gelado do sofá.

— Que Corlys ficará bem.

— Alegra meu coração. O velho Sea Snake ainda tem muitos mares para navegar.

— Eu realmente espero que sim, mesmo que eu saiba que me preocuparei todas as vezes que meu marido se lançar ao mar. — Rhaenys sorriu,se concentrando nela com uma expressão de clara preocupação. — Mas sua tia já é uma velha, e o futuro já não me guarda muitas coisas. O passado, por outro lado...

— É algo que evito a todo custo. — Vaelena a cortou com certa rispidez, mas não com raiva. Na verdade, assemelhava-se mais com um animal ferido e acuado, pronto para morder qualquer um que tentasse tratar de suas feridas.

Mas Rhaenys estava longe de ser qualquer uma.

— Apesar de achar extremamente cômico ouvir isso da única sacerdotisa de uma religião tão antiga quanto o próprio mundo, compreendo seus motivos. — a grisalha deu um suspiro pesado, levando sua mão até os cabelos platinados de sua sobrinha para tirá-los da frente de seu rosto, prendendo-os atrás de sua orelha. — Mas você ainda é uma mulher jovem, e ainda não aprendeu que falar do passado é a única maneira de curar as feridas que continuam sangrando no presente.

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