6. Chama do Norte

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Vaelena provavelmente era a única Targaryen viva nascida em Dragonstone

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Vaelena provavelmente era a única Targaryen viva nascida em Dragonstone. Lembrava-se que seu pai lhe contava que nasceu no dia mais quente do verão, quando as pedras ao redor do castelo estavam quase queimando em puro fogo. Foi nesse momento que Daena Velaryon entrou em trabalho de parto, e seus berros ecoando pelos corredores misturavam-se com os rugidos de êxtase dos dragões de seu pai, Redstone, e de sua avó, Dreamfyre. Seu nascimento, segundo Maekhor, aconteceu exatamente como era o costume da Antiga Valyria, com as bênçãos dos deuses de fogo e sangue. E aquilo a perseguiu durante toda sua vida.

Gostava de pensar que conhecia uma parte da história que os meistres e os septões não sabiam, ou ao menos, tentavam com afinco esconder. Aegon, o Conquistador, e sua segunda irmã-esposa, Rhaenys, fizeram mais do que um pacto político ao se converterem ao Deus de Sete Faces. Eles verdadeiramente renegaram suas origens e os deuses que os acompanhavam desde o nascimento, e por isso foram abandonados e castigados. Visenya Targaryen restou como a única devota entre os três irmãos, e por isso foi permitido que engravidasse em idade tão avançada: para que aqueles que ostentavam a coroa jamais esquecessem o fogo e o sangue que carregavam em suas veias e em suas almas, e o preço que era pago por suas feras divinas.

Mas Maegor saiu de controle, não aprendeu a ser homem, era apenas dragão. E foi quando se casou com Rhaena que Visenya decidiu que o futuro de sua Casa não poderia ficar nas mãos de seu filho. Nos momentos em que não estava sendo violentada pelo seu marido, Rhaena tomava lições com sua sogra e com os poucos sacerdotes que ainda restavam, até o momento de sua fuga. E após a morte de Maegor, Rhaena permaneceu como a última chama da religião da Antiga Valyria, tarefa que passou para Maekhor e Daena, e agora Vaelena ocupava o mesmo lugar que sua antepassada, Visenya, um dia ocupou.

E Dragonstone parecia muito diferente de sua infância, muito mais abandonada, embora tivesse certeza que Daemon estava se esforçando para mudar aquilo. Em corredores tão estreitos, era fácil perceber a poeira acumulada entre as tapeçarias, única decoração que sobrava nas paredes, antes repletas de artes que sobreviveram à Queda de Valyria. A iluminação não era mais feita por candelabros de ouro e prata, mas por archotes grosseiros de madeira. Doía em seu coração, assim como doeu quando foi expulsa de Dragonstone, e obrigada a se recolher em Driftmark, onde Corlys ficou extremamente feliz em receber seu cunhado, sua irmã e sua sobrinha e meia dúzia de criados, que não sabia se tratar de sacerdotes. Ainda assim, obrigou-se a se manter impassível, até finalmente chegarem a um dos menores salões da Sea Dragon Tower.

E Vaelena conhecia Dragonstone como a palma de sua mão, inclusive sua carga histórica. Sabia que se tratava do que um dia havia sido o salão de reuniões privados da primeira Rhaenys Targaryen antes mesmo de ver os inúmeros retratos pendurados na parede, a maioria retratando-a sozinha ou na companhia do Conquistador. Ainda assim, não pode conter um pequeno sorriso escapar ao ver a lareira, o último vestígio da antiga fé de sua Casa nos aposentos de alguém que a renegou. Era uma lareira com moldura de ouro, ricamente ornamentada com figuras de dragões e mulheres nuas. Em cima dela, duas estátuas solitárias: a primeira, um dragão de ouro com tantos detalhes que mesmo à distância se podia ver suas escamas, e a segunda, uma mulher nua em prata, com uma expressão serena e os longos cabelos lisos cobrindo as vergonhas.

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