Tinha um defeito enorme sobre mim: eu era péssima em seguir as metas que traçava pra minha vida. E não foi só o último acontecimento que me levou a essa indesejada, mas verdadeira conclusão. As minhas falhas em seguir meus princípios começaram bem a...
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Dizem que quando você sofre um acidente, é muito difícil assimilar imediatamente o que aconteceu. Minha prima Jihye sempre fala sobre como em um segundo estava em cima da moto do namorado, e no outro estava rolando pela grande avenida de Cheongpa-Dong. Na época, aquilo me aterrorizou, eu lembro de pensar: como você não pôde ver? Como não viu o acidente chegando até você?
Agora eu a entendo.
É tudo muito rápido. Você pisca e, de repente, percebe que nada mais está como antes. Comigo não foi diferente.
A colisão é instantânea. Jeon Jungkook passa a caminhar na minha direção como se fosse algum tipo de James Dean; os olhos semicerrados, maxilar trincado e os cabelos escuros que o vento se encarrega de jogar para trás conforme ele anda em passos apressados. E preciso admitir que ele se recupera mais rápido do que eu seria capaz, visto que meu cérebro continua congelado e sem raciocínio algum.
Ele se inclina para baixo, deixando duas batidas no vidro. Inconscientemente, viro meu rosto de maneira robótica para o lado e consigo enxergar seus olhos escuros grudados nos meus, quase fazendo-me acreditar de que ele é capaz de me enxergar através da película escura, da camada fina poeira e a marca nada discreta da pequena mãozinha de Mai no vidro da janela do carro.
Não. Ele não é. Não existe nenhum motivo para acreditar que ele tenha essa capacidade, ou que tenha algum tipo de poder supremo sobre a raça humana. Ainda assim, sinto meu coração bater da maneira mais descompassada possível, e é estranho que ele dispare tão alto quando toda a circulação da corrente sanguínea parece estar trancada. O ar está tão denso que é quase impossível respirar, obrigando-me a lembrar das funções básicas que um ser humano saudável como eu deveria ser capaz de executar com facilidade.
Inspiro e expiro fundo antes de abaixar lentamente o vidro, apenas para ouvir Jungkook dizer:
— Qual é o seu problema, garota?
O único problema aqui é que, de todos os planos, este não foi arquitetado por mim.
De todos os planos, este com certeza não estava e nunca estaria na lista.
De todos os planos, bater no carro de Jeon Jungkook em um estacionamento é a pior coisa que me aconteceu.
1 HORA ANTES
— E aí, como foi no seu teste?
A forma como ela batuca as unhas pintadas de vermelho sobre a mesa e me encara seriamente faz a situação parecer um interrogatório policial quando, na verdade, só estamos tomando um café perto da lanchonete da faculdade.
— Nossa, meu café precisa de mais açúcar. — Forço uma careta e aponto para xícara, porque essa é a única coisa que encontro para mudar de assunto.
— Boa tentativa, mas eu conheço essa cara. Você não estudou, não é? — Há uma pausa, como se ela esperasse que eu pudesse responder, mas depois de três segundos, ela volta a falar: — Você disse que ia estudar!