Eu não sou uma Jungkook-Planista.
Após aproximadamente quarenta minutos de show, sou capaz de concluir isso. É isso, não sou. Nunca vou ser. Eu apenas acho agora que talvez Jungkook mereça sim reconhecimento por seu talento. Talvez Jungkook seja mesmo uma estrela do rock. Não há nada de errado em admitir que sua bandinha até que é boa, minha língua não vai cair, só vai ficar um pouco dormente.
— Eles são tão bons, não é? — Chaeyoung grita em meus ouvidos, como se ouvisse meus pensamentos.
— Bons em ser ruim, só se for.
Ok, talvez minha língua fosse sim cair. Ah, qual é! Eu ainda sou eu. Você não pode mudar um hábito de anos em apenas cinquenta minutos. Além do mais, eu preciso me proteger, não é porque me tornei consciente de certas coisas internamente que preciso externalizar isso. Tipo, ninguém precisa saber como estou achando Jeon Jungkook bonito nesse momento. Ninguém nunca vai saber disso, é um segredo que irá morrer comigo. Jungkook é feio, narigudo e seboso. Jungkook é feio, narigudo e seboso. Jungkook é feio, narigudo e seboso. Repito isso mentalmente como um mantra. Ninguém nunca vai saber, ninguém vai saber como o acho bonito quando suas duas mãos grandes seguram o microfone e ele canta de olhos fechados, ou quando seus cabelos suados estão grudando sobre a testa. Principalmente, ninguém pode saber que o achei bonito enquanto ele estava bebendo água e Yoongi cochichou algo pra ele, fazendo-o sorrir com aquela mesma meninice que sorriu para Mai no estacionamento daquela vez.
Está tudo bem, certo? Reconhecer que ele é um pouco agradável não me torna uma Jungkook-Planista. Não vou sair por aí ameaçando pessoas porque elas não o acham bonito. Ei, emo-góticos e excluídos, ainda estou com vocês, eu ainda sou a mesma e o meu coração também é. Ainda quero montar aquela ONG para as vítimas do Jungkook-Planismo, que sofreram lavagem cerebral tão severa que mal lembram seus nomes.
— É incrível como você nunca dá o braço a torcer.
Chaeyoung esbarra em meu ombro, emburrada. Acabo rindo, voltando meus olhos para o palco. Yeonjun está tão concentrado, ele mantém sua cabeça baixa a todo momento, fitando seus próprios movimentos no baixo. As luzes coloridas por cima da estrutura iluminam toda a plateia, e olhando assim, acho que entendo porque Jessie faz o que faz. Quando tudo está pronto, mesmo que dure duas horas, vale a pena. As pessoas na pista estão se divertindo, bebendo e dançando. Alguns cantam alto o cover de Teenage Dirtbag que a Collateral está fazendo. Jungkook soltou o pedestal, está andando pelo palco e sua cabeça se move à medida que a bateria de Taehyung soa. Estou pensando em como seus joelhos, à mostra devido ao grande rasgo que desfia sua calça, parecem com alguma escultura grega, e em como seus pés estão tortos no coturno preto e cheio de amarras.
— Pessoal, vocês se divertiram? — Após a música acabar, é Taehyung que fala com o público. Ele está atrás da bateria enorme mas há um microfone posicionado perfeitamente em sua boca. Em resposta a sua pergunta, a plateia grita alto. — Uau. Acho que isso foi um sim. Não somos os caras mais famosos do mundo, mas acho que vocês sentiram falta da Collateral, não é? — a plateia grita novamente. — Infelizmente, estamos chegando ao fim do show.
Um coro de lamentos reverbera em meus ouvidos. Jungkook ri, ele aproveitou os segundos livres para beber mais um pouco de água. Algo engraçado acontece então, porque quando ele ri, a água escapa da sua boca, e eu acho que sou a única que consegue reparar nisso. Normalmente, eu acharia nojento, mas a forma que seu nariz se enruga quando ele percebe o que aconteceu só me faz achar a situação… fofa.
— Antes de cantarmos a nossa última música, nós gostaríamos de agradecer a tantas pessoas que ajudaram esse show a ser possível…
Meu corpo congela enquanto Taehyung fala. Tenho medo que ele vá dizer meu nome e acabar com a única reputação que me orgulho de ter, hater da Collateral. A pressão é tanta que sinto minha garganta coçar e olho para Chaeyoung com tensão, mas ela parece despreocupada.
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Dano Colateral - JJK
FanficTinha um defeito enorme sobre mim: eu era péssima em seguir as metas que traçava pra minha vida. E não foi só o último acontecimento que me levou a essa indesejada, mas verdadeira conclusão. As minhas falhas em seguir meus princípios começaram bem a...