CAPÍTULO 12 - Avy jorrāelan.

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Aennastacia Targaryen,
ponto de vista.

Já era tarde da noite quando eu me esgueirei até o quarto de meu avô, Viserys, pelas passagens secretas que conheço tão bem como a palma de minha mão.

A angústia, culpa, tristeza e todos os sentimentos negativos têm tomado conta de meu corpo.

Pela primeira vez em anos eu chorei, eu achava que minhas lágrimas haviam secado depois da morte de Harwin mas eu estava completamente enganada.

Tudo o que eu venho guardando para mim nesse tempo passou por cima de mim como uma avalanche que te esmaga, te deixando sem respiração e sufocada.

Eu sinto como se uma âncora me predesse debaixo d'água sem me deixar subir à superfície para recuperar o ar.

Fico uns bons 10 minutos ali naquela situação apenas olhando para o meu avô sentada em sua cama.

Vê-lo daquela forma era como se eu ganhasse um choque de realidade.

- O senhor sempre perguntou a Maegor e eu qual era a nossa história favorita... - Digo enquanto seguro sua mão. - Maegor nunca te deu uma resposta. E acredite, nem eu mesma sabia.

Meu avô se mexe na cama de virando em minha direção.

- Aenna? Minha doce menina... - Ele acaricia minha mão.

- O senhor nos fez viver várias vidas, graças as histórias que você lia para nós quando não queríamos dormir... - Sorrio com a lembrança. - A história favorita de Maegor era da Guerra da Ira.

Com dificuldade meu avô ri.

- Ele... Sempre me pediu essa... - Ele fechou os olhos com força. - Por causa do dragão...

- Sabia que o ovo dele eclodiu? - Digo. - Ele o deu o nome de seu dragão de Ancalagon. Foi assim que descobri qual era sua história favorita.

- Vocês... Se tornaram pessoas... incríveis. - Ele diz com dor.

Apenas peço para que ele pare de falar para não fazer muito esforço.

- Sabe o que é o mais triste, vovô? - As lágrimas voltam a escorrer pelo meu rosto. - O mais triste em deixar de ser criança, é que a gente, tão inocente, tinha certeza absoluta de que crescer seria divertido.

Meu avô apenas fecha os olhos voltando a dormir graças aos medicamentos.

Estou curvada por cima de seu corpo não conseguindo conter minhas lágrimas novamente.

Eu nunca imaginaria que minha provável última interação com meu avô seria assim, em seu leito de morte. Nunca imaginei que o veria dessa forma, tão frágil.

- Avy jorrāelan. - Digo em alto valiriano em meio às lágrimas para meu avô.

Sinto braços se fechando ao redor do meu corpo e me tirando de cima da cama de meu avô. Eu não me importei com quem poderia ser, não conseguia sequer olhar para o rosto da pessoa já que minha visão estava completamente embaçada.

Braços fortes me tiram do chão, me carregando para fora do quarto no estilo noiva.

Eu me agarrava firme a pessoa que me carregava, tinha medo de cair no meu abismo novamente. Eu me agarrava nele como se minha vida dependesse disso. Me agarrava a um estranho, isso soou tão patético.

Mal pude ver o caminho pelo qual passamos quando o homem que me segurava se sentou no chão, me mantendo ainda em seu colo e com os braços ao meu redor.

Sua mão subiu meus cabelos e os avisava, sua boca depositava beijos em minha cabeça e me prendia junto a ele.

Aquilo me acalmou, tanto é que cinco minutos depois eu já não chorava mais. E foi quando eu me afastei para encarar o estranho.

Play with Fire - Aemond Targaryen Onde histórias criam vida. Descubra agora