Play with Fire - Aemond Targaryen

CAPÍTULO 31- Casa Targaryen.

Aenna Targaryen,
ponto de vista.

⚠️Alerta de possíveis gatilhos
durante todo o capítulo⚠️

Essa é a história de como eu morri.

E aqui estão os pedaços crus, não polidos e principalmente desconexos da minha alma.

Talvez eu seja insana.

Mas eu costumava ser a garota mais doce... O que aconteceu com a Aenna que brincava de esconde-esconde nas passagens secretas da Fortaleza?

Isso foi manipulação.
Isso foi traumático.
Isso foi abuso.
E isso me quebrou.

Eu odeio esse sentimento.
É como se eu estivesse aqui, mas não estou.
Como se alguém se importasse, mas eles não se importam.
Como se eu pertencesse a algum lugar a mais, em qualquer lugar que não seja aqui.

Devo deixar de lado a ilusão de que tudo isso poderia ter sido diferente?

Eu nunca fui boa em questões emocionais. Exceto a raiva... Em raiva eu sou boa.

Então sim, deixarei essa ilusão de lado, até porque eu sinto que é a minha raiva que me ajudou a manter viva e de pé quando tudo o que eu ansiava era de descanso e paz.

Eu estava exausta. Eu estou exausta.

Olho por olho.
E eu não me importo com quem terei que cegar.

Mas mais uma vez, pergunto-me repetidamente: "Sou uma má pessoa ou estou apenas em dor?"

Em que eu me tornei?
Talvez em um monstro?

Em que me tornaram?
Em uma arma de guerra?

Eu era uma criança. Uma criança que foi forçada a assumir mais responsabilidades do que poderia aguentar.

Mas hoje eu não tenho mais medo do fogo. Eu sou o fogo.

Talvez o fim tenha chegado e eu não o temo. Não mais.

Eu chorei
      todas as minhas lágrimas

Tudo o que resta
      é ira.

Flashbacks machucam.

E estou sendo dilacerada por eles. Por essas malditas memórias que irão me assombrar pela eternidade.

Fui arrancada do meu abismo de pensamentos quando sinto um gosto metálico tomar conta do meu paladar, e noto que estava mordendo o interior de minha boca com toda a força que meus dentes poderiam colocar sobre uma carne tão fina e delicada.

A dor me acordava pra realidade. Era a dor física que me mantinha lúcida, me distanciando da loucura que ameaçava tomar conta de meu ser.

Eu precisava sentir alguma coisa. Eu precisava de algo para me agarrar e me convencer de que eu ainda era um ser humano como todos os outros.

E a dor me tornava humana.

Olhei ao meu redor e me dei conta de onde eu estava.