03- O reencontro

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Agora estamos em um pavilhão frio e pouco iluminado, esperando para sermos interrogados por policiais. Estou deitada no ombro de minha mãe, tentando encontrar algum conforto no seu calor familiar, enquanto Cal tem a cabeça apoiada no colo dela, com um semblante cansado. O ambiente é cheio de ruídos baixos, passos apressados e vozes sussurradas, criando uma atmosfera de tensão.

Tio Ben se aproxima de nós, ajoelhando-se ao lado de Cal.

— Ei, remédio. — ele chama suavemente, sacudindo levemente o ombro de Cal.

Cal abre os olhos lentamente, piscando para focar em tio Ben.

— Quando vamos para casa? — Cal pergunta, a voz fraca e cheia de cansaço.

— Em breve, meu bem. Só vão conversar com a gente, dar uma olhada, e nós já vamos, está bem? — mamãe responde, tentando esconder a preocupação em sua voz. Ela acaricia o cabelo de Cal, tentando acalmá-lo.

— Se faz mesmo cinco anos, como eu ainda estou vivo? — Cal pergunta, olhando fixamente para o teto, confuso e assustado.

— Se sente cinco anos mais velho? — ele pergunta, olhando diretamente nos olhos de Cal. Cal balança a cabeça negativamente, claramente confuso. — Eu também não. Fiquem tranquilos.

O policial se aproxima de mim, com um caderno de anotações em mãos. Sua expressão é séria, mas ele tenta ser gentil.

— Alguma tempestade ou algo assim? — ele pergunta, inclinando-se levemente para me ouvir melhor.

— Turbulência. Como se o teto fosse cair. — respondo, minha voz um pouco trêmula ao recordar a experiência. Tento descrever a sensação de desespero e medo que tomou conta de todos no avião.

36 horas depois, estamos esperando ansiosamente em uma área de desembarque movimentada. O ambiente é caótico, com famílias se reencontrando, pessoas chorando e repórteres tentando capturar cada momento.

— Ben! — tia Grace exclama, correndo em nossa direção com os braços abertos. Seus olhos brilham com lágrimas de alívio

Logo vejo Olive e vovô. Meu coração acelera e corro para abraçá-los. A sensação de segurança no abraço apertado de vovô me faz sentir um pouco mais tranquila.

— Onde está a mamãe? — minha mãe pergunta para vovô, a preocupação evidente em sua voz e nos olhos vermelhos de choro.

— E papai? — pergunto, olhando ao redor, esperando vê-lo a qualquer momento.

— Papai teve um compromisso, não pôde vir, meu amor. — meu avô diz, tentando manter a voz firme. — Mas não se preocupe, poderá vê-lo logo logo.

— Mas e a mamãe? — minha mãe pergunta novamente, a voz agora embargada. Ela segura o braço de vovô, como se precisasse se apoiar em algo sólido.

— Sua mãe ficou doente. Ela lutou muito... — vovô começa a dizer, mas é interrompido pela expressão de choque da minha mãe.

— O quê? Como assim doente? — minha mãe pergunta, quase gritando, as lágrimas começando a cair.

— A vovó está bem? — pergunto, sentindo um nó na garganta.

— Ela amava vocês mais que a própria vida. Vocês eram tudo para ela. — meu avô diz, com a voz embargada, lutando para manter a compostura. Ele passa a mão pelo cabelo branco, visivelmente abalado.

— Não! Eu estava correndo com ela na praia há pouco tempo. Eu vim dizer a ela que ela tinha razão sobre mim e o Jared. Não, pai... Não! — minha mãe diz, desabando nos braços de vovô, chorando descontroladamente. Sinto minhas próprias lágrimas escorrerem pelo rosto enquanto meus tios me abraçam, sussurrando que tudo vai ficar bem.

Meu mundo desmoronou. Minha vovó, que eu amava tanto, faleceu. As lembranças das noites maravilhosas que passamos juntas, quando mamãe trabalhava em turnos prolongados, enchem minha mente. Cada história, cada abraço, cada risada agora parecia uma memória distante e insuportavelmente dolorosa. As noites em que dormíamos juntas, compartilhando segredos e sonhos, são lembranças que eu vou carregar comigo para sempre.

 As noites em que dormíamos juntas, compartilhando segredos e sonhos, são lembranças que eu vou carregar comigo para sempre

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