Eu estava sentada no sofá com tio Ben, o ambiente tranquilo apenas perturbado pelo som baixo da televisão. A sala de estar estava acolhedora, com a luz suave das luminárias refletindo nas paredes. De repente, a jornalista na TV anunciou:
— Hallie e Samantha Pyler foram salvas. As irmãs sequestradas foram encontradas em segurança em um galpão de metal em Astoria.
Tio Ben se endireitou no sofá, seus olhos arregalados de surpresa e alívio.
— Isso só pode ter sido Michaela. — ele disse, sua voz cheia de admiração.
— Não duvido. — respondi, sentindo uma onda de orgulho e espanto.
O pastor apareceu na porta, seus passos leves mal fazendo barulho no chão de madeira.
— Parece que sua carona chegou. — disse ele, apontando para fora com um leve sorriso.
Michaela entrou na sala, seu rosto demonstrando um misto de cansaço e determinação.
— Você salvou aquelas meninas. — tio Ben disse, levantando-se e caminhando até ela.
— Nós as salvamos. Como sabiam que eu estaria aqui? — minha mãe perguntou, confusa.
— Simplesmente sabíamos. — eu disse, tentando explicar o inexplicável.
Os olhos de minha mãe se encheram de lágrimas, a emoção evidente. Tio Ben suspirou, passando a mão pelos cabelos.
— Quais as chances de ser só com a gente?
Na manhã seguinte, acordei com uma sensação de urgência. Algo dentro de mim estava me puxando para o local onde o avião do voo 828 estava.
— Mãe! — eu exclamei, tentando chamar sua atenção.
— Estão sentindo isso também? — tio Ben perguntou, claramente perturbado.
— Sim. — minha mãe respondeu, os olhos arregalados de preocupação.
— Precisamos ir para lá urgentemente. — disse, pressionando as mãos contra meus ouvidos, tentando bloquear o som ensurdecedor na minha cabeça.
Chegando ao local, uma multidão se formava ao redor do avião. Pessoas que não conhecíamos estavam lá, todas com expressões de confusão e medo. De repente, uma explosão ensurdecedora sacudiu o chão. O avião estava em chamas, e o caos tomou conta.
"O que aconteceu?" era a única coisa que passava pela minha cabeça naquele momento. A visão do avião em chamas era surreal, como se estivéssemos presos em um pesadelo.
Mais uma vez, fomos levados para uma sala de interrogatório. As luzes fluorescentes criavam sombras duras em nossos rostos cansados.
— O que você disse? — perguntei quando minha mãe voltou do interrogatório, seu rosto tenso.
— A verdade. Que eu não sabia de nada. — ela respondeu, exasperada.
Uma mulher se aproximou, seu rosto exalando profissionalismo e empatia.
— Oi, eu sou Saanvi Bahl. É da família do Cal? — ela perguntou.
— Ben Stone. Esta é minha irmã Michaela, e aquela, minha sobrinha Liv. Como conhece o Cal? — tio Ben respondeu.
— Sou médica. Faço pesquisas sobre o câncer. O novo tratamento do Cal vem do trabalho que fazia antes do avião desaparecer. — ela explicou.
— Você estava no voo? — minha mãe perguntou, a surpresa evidente em sua voz.
— Eu sei. É uma coincidência e tanto. Se alguma parte disso for coincidência. — Saanvi disse, pensativa.
Um policial entrou na sala, chamando o próximo a ser interrogado.
— Dezoito. — ele chamou.
Minha mãe se levantou, confrontando o policial.
— Senhor, qual é nossa situação aqui? Estamos presos?
— Não, estão só detidos. — o policial respondeu, sem muita convicção.
— Na verdade, não estamos. — minha mãe disse, a autoridade em sua voz inegável. — Sou policial, NYPD. Sei como isso funciona. Contamos tudo o que sabemos. Se não estamos presos, vocês precisam nos liberar.
Logo após aquele policial sair, outro entrou e nos alertou com uma expressão séria.
— Senhoras e senhores, se já prestaram depoimento, estão livres. Entretanto, os eventos relacionados ao voo 828 são assuntos de segurança nacional. Vocês estão instruídos a não falar com a imprensa. Não conversem sobre esse assunto com ninguém. Nem jornalistas, nem sua família. Ninguém.
Saímos do local, nossas mentes turbilhonando com perguntas sem respostas e uma sensação de inquietação crescente.
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All Things Work Together For Good !
Science FictionUm avião aterrissa misteriosamente cinco anos depois da decolagem. Assim, os passageiros precisam aprender a lidar com a estranheza de um mundo que seguiu a vida sem eles.