02- Três horas ou cinco anos?

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Havíamos entrado no avião e eu estava sentada ao lado de minha mãe, segurando firme a mão dela. Tio Ben e Cal estavam logo ao lado, e podíamos ouvir a conversa deles mesmo com o barulho dos motores.

Minha mãe havia sido pedida em casamento por meu pai. (Bom, isso é uma longa história). Ela estava em dúvida se aceitava ou não, a cada segundo que passava, uma foto nova era arrastada em seu celular, refletindo um misto de saudade e incerteza em seus olhos.

— Amendoim? - a aeromoça pergunta, interrompendo meus pensamentos.

— Não, obrigada! - digo com um sorriso tímido.

— Mamãe está certa, Jared não vai esperar para sempre. - tio Ben diz, com um tom de preocupação misturado com carinho.

— Adorei o papo motivacional. Obrigada! - minha mãe responde, sendo irônica, mas havia uma nota de cansaço em sua voz.

— Por que está lutando contra isso se só vai fazer vocês felizes? - tio Ben pergunta. - Você merece ser feliz!

— Está gentil hoje... deve estar bêbado! - mamãe diz, e eu dou um pisão no pé dela para que parasse de implicar.

— Mãe!

— Desculpa. - ela ri, tentando aliviar a tensão.

— Diga sim a ele. Tenha um casamento e uma lua de mel, eu fico com Liv, ela vai adorar passar um tempo com os tios e os primos. Vire a página, está na hora. E sim, você merece isso. - Tio Ben insiste, com uma seriedade que eu raramente via.

Mamãe olha para ele, talvez realmente considerando suas palavras. Eu podia ver uma mistura de emoções em seu rosto – amor, medo, esperança. Antes que ela pudesse responder, um estrondo ecoa pelo avião e ele começa a balançar violentamente. Vários gritos ecoam pelo interior do avião, aumentando meu medo.

— Está tudo bem. - minha mãe diz para mim e para Cal, segurando nossas mãos com força. - Vai ficar tudo bem.

— Continuem sentados! Por favor! - a aeromoça repete, tentando manter a calma.

— Mil desculpas, pessoal. Passamos por uma turbulência extrema devido a uma mudança de tempo repentina que não estava no radar. Fiquem tranquilos, está tudo certo com os controles do motor. Mas, por favor, mantenham os cintos afivelados. - diz o piloto, tentando nos tranquilizar.

Respiro aliviada, embora meu coração ainda esteja acelerado.

— Estamos desviando para o Aeroporto Stewart em Newburgh. Bem perto da cidade, mas para aqueles que querem fazer um voo de conexão, nós pagaremos um. Tripulação, preparar para pouso. - o piloto completa.

Após pousarmos, a aeromoça diz: - Nós conseguimos, pessoal. Bem-vindos a Nova York. A hora local é 23h49. Em nome da nossa tripulação, agradecemos por escolherem a Montego Air.

— Sério? Sem serviço? - minha mãe diz, frustrada, logo após ligar o celular.

— Também estou sem. - tio Ben responde, franzindo a testa.

— Legal! - Cal exclama quando olha pela janela.

Na janela do avião, consigo ver várias viaturas de polícia e bombeiros. A situação parecia estranha e preocupante.

Quando descemos do avião, fomos instruídos a ficarmos no local. A tensão no ar era palpável.

— O que será que aconteceu? - pergunto, olhando ao redor em busca de respostas.

— Não sei. Parece que aconteceu algo de errado. - tio Ben responde, também confuso.

— Com licença, tem pessoas passando mal aqui. Qual é o problema? - minha mãe aumenta o tom de voz para que escutem, tentando obter alguma informação.

— O problema, senhoras e senhores, é que o voo de vocês partiu de Montego Bay, Jamaica, em sete de Abril de 2013. Hoje é quatro de novembro de 2018. - um homem responde, com um tom grave. - Vocês estavam desaparecidos, dados como mortos, por cinco anos e meio.

Um coral de "como assim?" preenche o local, e eu apenas olho para Cal, sem entender nada. O que isso significava para nós? Estávamos realmente desaparecidos por cinco anos? Como isso era possível? As perguntas enchiam minha mente, e o medo do desconhecido me apertava o peito.

 O que isso significava para nós? Estávamos realmente desaparecidos por cinco anos? Como isso era possível? As perguntas enchiam minha mente, e o medo do desconhecido me apertava o peito

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