No outro dia, saí para caminhar com minha mãe, como fazíamos no "passado". Esse hábito sempre foi uma rotina importante para nós, uma forma de nos conectarmos e relaxarmos juntas. O sol estava começando a se erguer no horizonte, tingindo o céu com tons de rosa e laranja, e o ar fresco da manhã preenchia nossos pulmões.
— Solte-as — escuto novamente minha voz dizer após passarmos em frente a uma casa com cachorros presos em um cercado. O som das correntes e o latido baixo dos cães era perturbador.
— Solte-as! — a voz se intensifica, ecoando na minha mente como um comando impossível de ignorar.
— Está escutando isso também? — minha mãe pergunta, seu rosto mostrando uma mistura de curiosidade e preocupação.
— Estou. Vamos ignorar. — digo, tentando afastar a sensação estranha, e continuamos nossa caminhada em silêncio, tentando ignorar o incômodo.
Após voltarmos para casa e tomar um banho refrescante, deitei na minha cama, esperando encontrar um pouco de paz. Porém, esse descanso não durou tanto tempo.
— Solte-as! — escuto a voz mais forte que antes, quase como um grito dentro da minha cabeça.
Levanto da minha cama, coloco um calçado e um casaco rapidamente, e pego minha bicicleta. Pedalo apressadamente até a "casa dos cachorros". Chegando lá, me deparo com minha mãe, já esperando.
— A voz? — minha mãe pergunta, seus olhos refletindo a mesma confusão que eu sentia.
— Sim. — digo, olhando para o cercado onde os cachorros estavam presos, seus olhos brilhando na escuridão. Logo avistamos um carro se aproximando. Era tio Ben. Ele estaciona perto e sai do carro, parecendo tão perturbado quanto nós.
— Solte-as — ele diz, seus olhos arregalados. — Estou ouvindo isso desde que passei por aqui hoje de tarde.
— Você disse que eu estava ficando louca, Ben. Por que mentiu? — minha mãe pergunta, a frustração evidente na sua voz.
— Porque não quero ser uma aberração de circo! — tio Ben exclama, sua voz tremendo de emoção.
— Bom, isso aqui nem é circo, mas já está ficando uma palhaçada! Vamos falar menos e fazer mais. — digo, surpreendendo a todos com minha determinação. Minha mãe arregala os olhos, mas não discorda. Tio Ben vai até o carro e pega uma ferramenta para abrir o portão.
— Só pra esclarecer, isso aqui é um crime. — tio Ben diz, hesitando por um momento.
— É, sou policial. Sei bem o que é crime ou não. — minha mãe diz, assumindo uma postura resoluta. — E se nos atacarem?
— Esse é o trabalho deles. — tio Ben diz, começando a forçar o portão.
Depois de um momento de tensão, o portão se abre e os cachorros saem correndo, suas caudas abanando alegremente.
— Isso foi bizarro. — mamãe diz, tentando processar o que acabara de acontecer.
— Jura? — tio Ben diz, sendo irônico, mas claramente abalado.
— E agora? — pergunto, sentindo a adrenalina começar a diminuir.
— Eu não sei. — tio Ben responde, balançando a cabeça. — Mas ouvir uma voz na sua cabeça é acaso. Três?
— Não é acaso. — minha mãe afirma, com uma certeza que me arrepiou.
No outro dia, durante o café da manhã, recebi uma ótima notícia. Depois de dias, e anos para papai, irei revê-lo. O sol brilhava pela janela da cozinha, enchendo o ambiente de uma luz acolhedora.
— Que horas ele virá? — pergunto, dando uma última mordida na panqueca que havia preparado.
— Ainda não sabemos, mas se prepare, ele pode chegar a qualquer momento. — tia Grace diz, enquanto ajeitava a mesa.
A campainha toca de repente, interrompendo nossa conversa.
— Coincidência? — pergunto, sentindo meu coração acelerar.
— Adivinha quem chegou. — minha mãe diz, um sorriso se formando em seus lábios.
— Papai? — pergunto, quase sem acreditar.
— Oi, filhota! — meu pai diz, entrando pela porta com um sorriso largo. Eu dou um pulo rápido em seu colo, abraçando-o com força. — Me perdoe não conseguir ver você antes, está tudo tão corrido.
— Fique tranquilo, pai. — digo, sentindo um alívio imenso.
— Papai vai reservar um dia para passearmos, mas antes preciso conversar com sua mãe rapidinho. — ele diz, acariciando meu cabelo.
— E não ouse ouvir por trás. — minha mãe alerta, brincando. — Acredita nisso, Jared?! Temos uma mini espiã em casa. — todos riem, aliviando a tensão.
— Voltando para o assunto do nosso dia juntos, onde vamos? — pergunto, ansiosa.
— O que acha de irmos ao parque de diversões? — papai pergunta, seus olhos brilhando de empolgação.
— Mamãe pode ir junto? — pergunto, querendo que toda a família estivesse reunida.
— Vamos ver. — ele diz, com um sorriso.
— Ótimo! Estão liberados. — digo.
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All Things Work Together For Good !
Science FictionUm avião aterrissa misteriosamente cinco anos depois da decolagem. Assim, os passageiros precisam aprender a lidar com a estranheza de um mundo que seguiu a vida sem eles.