Dois.

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Priscila.

Era mais um dia normal, cheguei morta do trabalho e para variar, teve tiroteio. O morro estava lotado de polícia mas os bandidos não desistiam de voltar, o morro estava todo cercado. Só consegui subir já era umas 22h da noite, estava puta.
Cheguei na minha casinha, fiz um miojo, tomei um banho bem demorado e gelado, coloquei uma música e subi pra varanda para apertar um, só assim pra relaxar. Minha mãe não estava em casa, tinha viajado pra casa dos nossos parentes e só voltaria no outro mês. Já estava super na onda quando escuto alguém bater no meu portão.

- Boa noite senhorita, me chamo Caio, posso usar seu telefone?
Era um dos policias que estavam ocupando aqui, ele era alto, deveria ter uns 1,85, preto, e com um olhar de molhar qualquer calcinha.
- Pode entrar sim, claro. -respondi.
Na verdade, eu não deixaria não, mas era autoridade né? Não tinha muito a fazer. Mostrei o telefone pra ele e subi para o meu quarto, aqui em casa só tinha telefone ainda porque minha mãe que usava pra falar com os parentes, bagulho mó antiquado.

Caio.

Hoje deveria ser minha folga, mas era aniversário da minha mãe, não quis ficar em casa de jeito nenhum. Vim trabalhar e para variar, ocorreu maior tiroteio, mas eu até que gostava, eu amo a adrenalina. Fiz uma última ronda pela favela, liberei minha equipe, só ficou eu e mais 3 do meu batalhão, o resto, era de longe. Fiquei com a cabeça tão longe que os caras acabaram esquecendo de mim no morro, meu celular descarregou e eu não tinha carona pra ir embora. Lembrei que tinha uma tia aqui num beco que sempre dava café pra gente e nos deixava usar o telefone, já era tarde, mas decidi bater lá.
Bati no portão e para minha surpresa quem abriu foi uma menina, ela era linda, bastante peito, bunda, meu tipo.
Ela deixou eu usar o telefone e foi para o quarto.
Para o meu azar, ninguém do meu batalhão atendeu, eu poderia descer sozinho, não tinha medo, mas que era arriscado pra caralho, era.
Fui atrás da menina para agradecer e me despedir, subi até o segundo andar e encontro ela deitada na cama só de baby doll  e fumando uma maconha super fedorenta, quando percebeu que eu estava ali, se assustou.
- Aiii que susto! Não bate mais não?
- A porta estava aberta. Sabe que eu posso te prender né?!
- Você não faria isso, quem te emprestaria o telefone? - falou rindo.
Os olhos dela estavam super vermelhos e pequenos, mais do que já eram, ela estava muito chapada pelo visto.
- falando nisso, obrigado. Já vou indo, não consegui contato com meu batalhão.
- Você vai embora sozinho daqui? - Sentou na cama me encarando.
- Sim. - respondi.

Priscila.

Tá, eu poderia me dar muito mal se alguém soubesse, mas eu não poderia deixar aquele garoto descer o morro sozinho á essa hora. Era quase um suicídio, eu ficaria com a consciência super pesada.
- Olha, sabe que isso é doideira né? Pode dormir aqui, se quiser. No sofá, lá em baixo.
- Muito obrigado. De manhã vou embora.
Entreguei uns lençóis e cobertores para ele, logo ele forrou e deitou. De farda e tudo, nem a arma tirou da cintura.
Continuei no meu quarto fumando pela janela, logo vejo uma moto piscando e se aproximando. Merda, era o entregador do meu lanche.
Desci correndo as escadas e acordei o menino que nem sabia o nome, eu teria sérios problemas se alguém visse um policial dormindo aqui.

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