Priscila
Começou um forte tiroteio aqui na favela, mesmo eu morando aqui esse conseguiu me assustar, os tiros pareciam que era aqui dentro de casa.
Eu e Caio decidimos deitar no chão mesmo, aqui nunca bateu nenhum tiro, mas eu não estava aqui para contar com a sorte.
Sem exagero, acho que foram umas duas horas de intenso tiroteio, depois ficou tudo calmo, calmo até demais. Não se ouvia uma voz, carro ou moto passando, nada.
- Queria ter ficado de plantão para ajudar- Disse Caio.
- Tá maluco????? Você ouviu os tiros? É perigoso!
- É, e é o meu trabalho- disse rindo.
Fiz uma comida para mim e Caio rápida, logo após ele foi tomar banho, aguardei vendo TV e depois fui tomar o meu. Assim que entrei no quarto Caio já estava todo animadinho de novo. Fizemos amor mais uma vez e acho que dessa vez o chá foi forte. Caio acabou adormecendo, ele dormia tão grudado em mim que parecia que eu iria fugir, me abraçava de um jeito que as vezes até de desistir de ir no banheiro eu desistia. Fiquei um tempo o admirando e eu não conseguia segurar o sorriso enquanto o olhava, um homem tão grande. Forte, destemido e nos meus braços parecia apenas um menino.
Logo meus pensamentos foram interrompidos por batidas no portão. Ouvi aquilo assustada e depois de muita luta, consegui levantar e ir até a janela. Estava escuro então eu não conseguia visualizar direito.
Quem poderia ser?
- Quem é? - Falei alto mas tentando sussurrar para não acordar o Caio.
- Sou eu, Pri. Rafael, fui baleado. Pode me deixar entrar um pouco e me fazer um curativo? Os cana ainda estão no morro, não vou conseguir descer.
Não, não, não...... Isso não poderia estar acontecendo.Caio
Acordei de madrugada e visualizei a Priscila inclinada na janela, a cena era de dar água na boca vendo com a minha visão, mas ela parecia estar falando com alguém, e parecia ser algo sério.
- Está falando com quem amor?
- xiu!!!!! Fala baixo! - Disse Priscila. Ela fez um sinal de espera com a mão e veio até a cama.
- Amor, é o Rafael. Ele tá lá fora, e disse estat baleado, ele quer que eu ajude ele. - disse com as mãos na cabeça.
- Que? Claro que não! Diz agora que não, Priscila!
- Mas eu vou dizer simplesmente não? E se ele desconfiar de algo? Eu não estou devendo nada então pq não abriria? Ele pode achar que estou escondendo algo, não acha?
E estava, Eu. Um policial das forças especiais. Puta que pariu.
Falei para a Priscila deixar ele entrar e ajudá-lo la embaixo,mesmo por dentro querendo mais é que ele morra. Fiquei trancado no quarto atrás da porta tentando ouvir algo. Logo, escuto a porta se abrindo e o tal gemendo de dor. Era até engraçado.
- Vou pegar um pouco de água quente. Mas não tenho experiência com isso Rafael, você tem que ir pro médico! - Disse Priscila.
- Re-relaxa preta.
Preta? Esse cara já está tirando demais com a minha cara.