A Música

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Por algum motivo inexplicável, eu imaginava Marisa sendo uma menina mais velha que eu, uma pré adolescente. Hoje eu penso com mais clareza e percebo, que essa personagem criada era a pessoa que eu queria ser na vida real, bonita, inteligente e com uma família boa e unida.

Na minha imaginação ela era filha de tios meus ( imaginários) que tinham dinheiro, posição social e eram bem mais modernos que meus pais. Ela tinha lindos cabelos castanhos claros, o que eu sempre achei bonito, olhos claros, cabelos sedosos e um sorriso tão cativante. Queria mesmo ser ela, fazer com que meu corpo agora fosse o dela, mas eram sonhos distantes e que machucavam quando eu lembrava da minha verdadeira vida.

O lado ruim de imaginar coisas tão boas, e prazerosas é que é só imaginação, isso só acontece na sua mente e o mundo não é afetado, a não ser pra você, você se refugia nisso e faz disso sua verdadeira casa e fica viciado, como uma droga, quer sempre mais e mais. Isso começou a acontecer comigo aos poucos, e o começo de tudo foi quando ganhei meu primeiro celular.

Quando eu fiz meus dez anos de idade meu irmão achou que eu deveria conhecer as tecnologias do mundo, então ele mandou minha tia comprar um celular pra mim. Com ele eu vi o mundo crescer diante dos meus olhos criativos, e se transformar quando ganhei meus primeiros fones de ouvido, Eu lembro que eram branco, e aqueles antigos de fio. Isa já tinha celular, mesmo sendo dois anos mais nova que eu, e ela tinha muitas músicas baixadas nele, naquele tempo a modinha era os novos e mágicos celulares digitais, e o dela era um Nokia, daqueles tijolos que ninguém usaria hoje em dia.

Ela me mandava as músicas que ela tinha por bluetooth, outra novidade altamente incrível naquela época ( nem faz tanto tempo assim, mas são anos consideráveis). Lembro de uma música chamada "Hello", da Adele, outra que amo até hoje chamada "Call Me Maybe" da Carly Rae Jepsen, digamos que nessa época eu comecei a amar músicas internacionais, principalmente as de pop.

Depois que eu comecei a escutar, imaginava os mundos e personagens com a ajuda da música, como se fosse a trilha sonora. Cada batida, letra e voz era um toque diferente no meu pensamento, uma cena diferente, sentimento de felicidade e segurança em cada som que eu ouvia.

Nesse mesmo ano, em que eu comecei a escutar os grandes hits americanos dos anos 2000, eu conheci o grande marco da minha vida que eu vi na tv e me apaixonei perdidamente. Eu amava os programas infantis, mas também tinha as novelas mexicanas, que passavam em outro canal, eu conheci uma chamada Rebelde, que é nostalgia pura. A emissora estava meio que "reprisando" a novela. Eu amava escutar as músicas que tocavam, eu sempre ficava ansiosa pra minha música favorita tocar, era maravilhoso, e por um tempo eu esqueci dos desvaneios e foquei na novela, que tinha três temporadas.

A novela contava a vida de seis jovens que estudavam em uma escola que ficava no México ( bom, era uma novela mexicana) a escola era no estilo de um internato, onde tinham bolsistas e adolescentes ricos, durante a trama eles montaram uma banda chamada Rbd, que da ficção foi pro mundo, e deu super certo, tanto que eu escuto até hoje com o mesmo amor de antes. Eu amava uma personagem chamada Lupita, eu me identificava com ela, era bobinha, não conhecia o mundo, era tímida e não tinha mau nenhum no coração, acreditava que tudo era uma fantasia, assim como eu. Ela era interpretada pela Maite Perroni, fiquei perplexa quando percebi que era ela, por que na outra novela que eu vi dela, ela já estava mais velha, então eu estava vendo sua atuação em sua primeira telenovela, eu simplesmente amei aquilo.

A música que eu amo da Rbd se chama "Que Hay Detrás ", e sempre gostei bastante da batida, e como ela é cantada, hoje em dia gosto também da letra que quando tinha dez anos não sabia a tradução, só cantava errado e achava que estava arrasando, uma verdadeira enganação. Com o tempo, fui me acostumando a assistir toda noite a novela, e a escutar as músicas, só que na terceira temporada, ela acabou, era a última, apesar de amar o final eu queria assitir pro resto da vida, como aquelas mini séries que a TV aberta repetia os episódios durante a tarde.

Quando essa novela terminou eu virei uma verdadeira velha noveleira, toda novela, sendo mexicana ou não, eu queria assistir. Quando chegava da escola eu passava a tarde na frente na televisão, maratonando todas que eu pudesse, olhando também as aberturas, e decorando as letras em espanhol pra "cantar" depois, no chuveiro é claro.

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Bom gente, desse capítulo em diante eu vou voltar a falar sobre a vida cotidiana de Lay, e ficar nesse revesa de falar sobre os desvaneios dela e os acontecimentos passados, presentes e futuros.

Espero que estejam gostando, até o próximo capítulo! ❤

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Os primos de LayOnde histórias criam vida. Descubra agora