Quando eu tinha voltado da casa da minha tia, ainda faltavam algumas semanas de férias. Então advinhem. Eu entrei ainda mais nos meus devaneios. Tempos passados foram os que eu ficava na televisão literalmente o dia todo. Agora eu fazia isso só que em horários mais nobres, eu tinha uma rotina. Eu só via as novelas mexicanas que queria, ou seja, algumas bem específicas como "Teresa". Hoje em dia eu vejo muita gente editando vídeo no YouTube, a gente se comparando com ela no Instagram, escutando a música que toca na abertura dela. Mas só eu sei o que essa novela me traz.
Bom, eu não me identifico com a protagonista, até porque ela é bem interesseira e manipuladora e faz tudo para seu próprio bem-estar. Mas eu me identifico com a música. Sem contar que a atriz me lembra Rebelde, já que ela também fez a novela quando era mais nova. Mas então, tirando eu ver essa beldade durante as tardes de segunda a sexta, eu durante a noite também tinha os meus devaneios.
A rotina se estabeleceu, não sei bem quando, mas foi quando eu pai saia a noite e minha mãe ia dormir. Eu deitava na rede e me balançava. Nisso, eu gerava um movimento satisfatório parecido com o de um super-herói, porquê parecia que eu estava "voando".
Imagina sentir isso junto com seus ouvidos escutando uma música do Slipknot. Um metal bem pesado, onde você se sente a Anitta antiga, literalmente, poderosa. Ok, essa comparação foi horrível. Mas realmente me sentia assim. Deve ser por isso que agora está sendo estudando tanto esse negócio de "dopamina no cérebro". Onde você for no YouTube, se você ver algo relacionado a rotina produtiva, você vai ver gente falando que certas coisas causam dopamina em excesso. Infelizmente, Devaneios excessivos está entre essas coisas.
Eu continuei bastante tempo com meus "primos". Tive um devaneio aqui, uma descoberta de música nova ali e um novo personagem fictício.
Quando o ano letivo começou, eu já no meu sétimo ano do ensino fundamental, passava por poucas e boas. Foi nessa época que o garoto que eu gostava, lembra? O Orfeu, começou a namorar. Tudo bem, eu já tinha me acostumado com a ideia de que ele nunca olharia pra mim. Ele conhecia todo mundo da sala dele e da escola, mas eu passava despercebida, e como eu disse, por mais que fosse um sentimento estranho, pra mim estava tudo bem. Até eu saber que a namorada dele era a Tati.Lembram da garota que andava com a Mari, aquela que era horrivelmente insuportável, mas que por algum motivo eu não detalhei muito nesse livro? Então. Bom, voltando um pouco pro quinto ano, eu lay, estava vivendo a vida quando ela chegou com a turma nova. Ela parecia alguém legal até eu virar amiga da Mari, desde de aquele momento ela virou uma entidade sugadora de corpos. Ela tinha dois amiguinhos de infância, um se chamava Cláudio e o outro Erveton. Eram os sugadores da paz alheia.
Entre os milhares de bullying, zoações ou até brincadeiras como gostavam de chamar, eles estavam no meio em noventa e nove por cento. Era desde de chamar a gente de esquisita até simplesmente rir da gente, mas a maior parte era por a gente ser esquisita e lerda. Isso ficou até o nono ano, quando eu finalmente sai daquela escola. Mas ainda não chegamos lá.
Eles no sétimo ano, viraram mais amigos ainda dá Tati, mas quando ela começou a namorar fizeram da vida dela um "inferno", pelo menos era o que parecia. Na escola davam lanches como: prato de macarrão, prato de sopa, prato de cuscuz, biscoito com suco e um achocolatado meio duvidoso. Entre esses lanches, um ficou na minha mente como o mais foda de todos os tempos: o cuscuz.
Tudo por conta de uma bela tarde, onde estávamos na sala e eles estavam com cucuz por algum motivo escondido na cadeira. Tati tinha uns cabelos bem avantajados, eram grandes e cacheados, então o que entrava ali dificilmente sairia fácil. Os garotos tiveram a brilhante ideia de enfiar o cuscuz no cabelo dela, e deu que ela ficou muito puta e saiu com raiva.
O professor pareceu altamente irritado e fez algo com os garotos: Nada.
Só pediu pra ela, a garota do cuscuz, sair da sala e lavar o cabelo. Essa foi a única vez que eu me identifiquei com aquela entidade. Porque é muito tenso ter que lavar o cabelo, secar e ainda deixar bonito. Principalmente se ele é cacheado.
Naquela tarde até me senti um pouco feliz e eu não me orgulho disso, até porque eu também odiava aqueles dois.
Não odiava do tipo: guardo mágoas.
Mas naquela época - uns sete anos atrás - eu queria apenas que fossem aniquilados ou que pelo menos voltassem para o úteros da mãe deles.Quando chegou o intervalo eu e a minha amiga Cida - que agora era bem próxima minha, tanto que guardávamos vários segredos - ficamos conversando e fofocando sobre o episódio do cabelo. Eu estava rindo quando olhei pela janela - que por algum motivo da prefeitura, tinha buracos redondos de concreto - ela dava para ver a quadra de esportes, e as pessoas que estavam lá, mas algo me Chamou mais atenção e o meu sorriso de dissipou.
Foi quando eu vi a Tati sendo consolada pelo seu namorado, Orfeu.
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Os primos de Lay
Teen FictionLay é uma garota muito tímida e introvertida, que acaba criando uma fobia de pessoas diante dos acontecimentos de sua infância e adolescência. Ela encontra na sua imaginação um meio de fugir do seu medo de ter relações sociais.