Nós três

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A escola pra mim era ótima no primeiro ano, eu amava meus colegas e os professores, era incrível tudo o que eu estava experimentando. Mas ainda não gostava do fato de ficar longe dos meus pais, era só pela parte da manhã, mas eu sempre fui grudada na minha família, estava sendo um desafio. Por um lado eu amava ficar na escola, ser sociável, por outro, queria estar no meu quintal brincando o dia todo.

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Quando eu tinha dez anos, já estava no 5° ano escolar, e foi uma época dolorosa, foi um tanto quanto difícil, mal sabia eu que dali em diante minha vida seria uma catástrofe, com exceção de coisa boas que salvaram esse ano.

Nessa idade eu já estava virando uma verdadeira mocinha. O começo do ano foi tenso, o meio do ano insuportável, no final já estava pedindo socorro internamente, e vocês vão entender o porquê.

Eu era aquela mesma menina do primeiro ano, com os mesmos colegas, o casal de gêmeos a menina do macacão jeans e outro menino que eu apenas esqueci de citar no começo desse livro.

Era uma escola nova, a gente tinha mudado, e com pessoas novas também, inclusive na minha sala. Na escola tinha do primeiro até o quinto ano, lá também estava estudando Isa, que estava no terceiro, e lá eu conheci sua verdadeira face de criança mimada.

Conheci também duas pessoas muito importantes na minha vida, uma mais que outra, minhas duas primeiras melhores amigas, sim, Isa não era minha amiga, ela só recebeu esse título por eu achar que amigo era qualquer ser que fosse legal comigo.

O nome da primeira que eu conheci era Mariane e a outra era Cida, que chegou no meio do ano. No começo do ano Mari andava com uma menina chamada Tati. Ela se tornou um carma insuportável depois que a Mari começou a andar comigo e deixou ela de lado.

Minha vida foi um inferno naquele ano, eles começaram a se conhecer, formar seus grupinhos - que a gente nunca fez questão de entrar - eram pessoas maldosas, é até difícil pra mim pensar que esses seres eram crianças.

Não tenho memórias decoradas, mas eu lembro do quanto fui zoada, até hoje nem sei porquê. Eu era excluída, e não os julgo por isso, eu que tinha que me adaptar, mas pelo menos tornar aquilo menos frustrante, teria sido tão mais confortável pra minha mente.

Eles tinham seus "amigos" então os trabalhos em grupo sempre foram minha maior fobia desde aquele ano.

Enquanto o caos se fazia quando estávamos na sala, a paz reinava quando eu saia pelo portão da escola com a Mari, a gente morava na mesma cidade, ela era filha de um pastor novo que tinha chegado. Eu comecei aos poucos a ir na casa dela, toda tarde, a gente marcava e ia brincar lá, até que eu conheci a internet, já tinha celular, mas internet era uma coisa tremendamente nova pra mim.

Depois que eu conheci ela, me esqueci da Isa, simplesmente nunca mais brinquei com ela, era raro. As vezes quando meu pai saia a noite e ia pra mesma rua que ela morava, eu ia junto. Lembro só de uma noite de muitas, onde estávamos comendo chocolate e assitindo um filme da barbie, "Barbie e o portal secreto", muito bom inclusive. Uma tarde eu finalmente conheci a igreja dela, era morava do lado, como seu pai era pastor ele tinha que ficar indo de cidade em cidade, como os padres fazem também.

O fato dela ser evangélica e eu católica ( sim eu sou) nunca fez diferença na nossa amizade, pelo menos é o que eu lembro. Sei que não tem lógica tanta besteira em relação a religião, mas existe preconceito de todas as formas.

A gente ficava sempre juntas, desenhando, contando histórias e até tomando banho juntas. Eu lembro de uma vez que nos banhamos juntas, Isa estava presente por que queria estar no meio de tudo sempre, mas hoje penso que éramos crianças, porque eu jamais faria isso de novo nos dias de hoje, ficar nua na frente de outras pessoas, me da até alergia.

Ainda acho essa memória bizarra, e ela é uma que eu editaria caso meu cérebro permitisse, é meio estranho ter uma memória pelada tomando banho com sua amiga. Tínhamos dez anos, mas eu sou imatura demais pra levar isso a sério, acho que além de mim, Mari e Isa eram estranhas também, sinto vontade de rir, apesar de tudo é uma memória que desbloqueia sorrisos e uma saudade imensa daquele ano.

Mari e eu ficamos muito amigas. Então toda noite e quase toda tarde eu ia para casa dela. Só nunca dormir lá, mas de resto, a gente fazia de tudo.

No meio do ano, Cida apareceu, formamos finalmente o "trio parada dura", éramos nós contra o mundo. Mas eu sempre me importei mais com a Mari, um erro que até hoje me arrependo de ter cometido. Como eu não sabia o que era aquele sentimento bom de ter amigos, eu não soube demonstrar direito e acabei dando mais valor pra Mari, deixando a Cida em escanteio. O que eu sempre tive medo eu fiz com uma pessoa que era tão importante pra mim. Quero relevar e me perdoar, porquê ainda era uma menina, mas é outra parte que queria editar na pasta de memórias bagunçadas da Lay.

Apesar de tudo estávamos sempre juntas na escola, no intervalo, na saída, e melhor é que quando tinha trabalhos em grupo sempre ficávamos juntas, nós éramos alunas exemplares, não dávamos trabalho, não conversávamos durante a aula e os professores levaram isso em consideração. Todo mundo ficava com raiva, porquê eram separados por conversar o tempo todo, e nós não. Talvez isso eu deva levar em conta e associar com as vezes em que fomos zoadas por eles, as vezes era raiva, inveja, nunca soube, bullying foi uma opção porquê nunca entendi direito, eu só aguentava. Aguentei, e como aguentei, hoje se trocarem uma palavra comigo e eu ignorar como sempre fiz na escola, o motivo vai ser diferente.

Antes eu tinha muito mais medo de pessoas me julgarem. Hoje eu criei um bloqueio, e agora, eu não ideio pessoas, mas prefiro ficar longe de locais com muitas ao mesmo tempo.

Os primos de LayOnde histórias criam vida. Descubra agora