𒀽 Capítulo Dois: Escapadas Noturnas 𖣚

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Ultrapassei tudo e todos numa velocidade típica, arrastando folhas, grama e mais enquanto passava. Parei somente ao encontrar Tails, que estava escondido embaixo do Tornado X, fazendo reparações. Se não tivesse chamado-lhe a atenção, este não me teria notado ali.

— Tails, preciso urgentemente de você.

Saindo cuidadosamente de onde estava e tirando a poeira de cima dele, o raposo me mostrou um enorme sorriso, perguntando casualmente qual era meu problema e o que precisava. Nervosismo e ansiedade estavam bastante visíveis em meu rosto, os quais o garoto pareceu notar de imediato.

— Eu preciso que você faça uma máquina. O mais rápido possível! — As palavras pareceram confundi-lo, a expressão criada sugerindo questionamentos. — Por favor, cria uma máquina do tempo!

Não foi preciso mais nada; Tails compreendeu imediatamente minhas intenções. Ele nunca fora alguém lerdo, e sabia me ler perfeitamente, e isso não foi diferente desta vez. Mesmo assim, ele resolveu confirmar o que pensou:

— Por que quer isso? Nós já não resolvemos tudo?

— Eu só preciso fazer uma coisinha de nada. Por favor, Tails, você é meu melhor amigo!

Por longos minutos, ele pareceu pensativo, avaliando meu comportamento perante aquilo. Finalmente, parecendo derrotado, suspirou, assentindo brevemente com a cabeça.

— Está bem, eu vou fazer.

Gritei e comemorei, a esperança brilhando dentro de mim. Eu o teria de volta, custe o que custar!

— Quanto tempo até estar pronto?!

A raposa sentou-se, a mão no queixo de forma pensativa.

— Dois dias, no máximo. Isso se eu trabalhar dia e noite. — Os meus olhos diziam muito sobre, e ele percebeu, pois logo completou: — Que é o que eu vou fazer pela alegria do meu melhor amigo.

Saltitando animado, dei um forte abraço em Tails, que retribuiu dando tapinhas em minhas costas. Quando estava prestes a ir embora, sua voz chamou-me mais uma vez:

— Escuta, Sonic… — Virei-me, notando a apreensão e culpa em seu rosto. — Eu só quero que você saiba que mudar o passado traz consequências drásticas para nosso futuro. E tem coisas que são destinadas a acontecer em todas as realidades, então não importa o que você faça, isso não vai mudar.

Eu sorri, na tentativa de encorajar a ambos.

— Mesmo que haja a mínima chance, eu vou encontrar. Se só houver uma realidade que isso pode dar certo, eu vou repetir a viagem no tempo até conseguir, é tudo o que importa pra mim agora.

Rápido como sempre, deixei a salinha para trás, juntamente com um Tails deveras indignado com minha coragem e esforço para salvar a Shadow.

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Dois dias depois…

Assim como foi dito, dois dias após, consulto Tails. A raposa estava cansada, olheiras terríveis de escuras estavam embaixo de seus olhos como bolsas, e a cada cinco segundos, um bocejo longo escapava de sua garganta. Me senti culpado por sua aparência e estado atual, pois nada estaria assim se eu não o tivesse pedido uma máquina de tão difícil produção.

— Sonic. — Sorriu, mesmo com os olhos quase fechando, assim que me viu entrar. Aproximando-se de mim, esfregou as mãos em um sinal contente. — Eu consegui! Terminei a sua máquina do tempo. Mas eu não recomendo usar, ela precisa de um teste antes. Não faço agora por estar completamente cansado, mas amanhã eu prometo que testo.

Minha animação e entusiasmo era mesmo contagiante, partindo para pulos e saltos contentes pelo cômodo, que tirou risadas cansadas do baixinho. Agradeci-o o máximo que pude, confirmando que ele é e sempre será o melhor.

Eu disse que esperaria o dia seguinte, mas é claro que eu não faria isso de verdade.

Assim que o relógio marcou às 3h da manhã, levantei sorrateiro, pisando leve até o laboratório e o adentrando cuidadosamente. Não arrisco acender a luz e procuro pelo tal aparelho, mesmo sem ter a mínima ideia de como ele aparenta.

Depois de meia hora a procurar, finalmente encontro algo que chama minha intenção: se parecia com um relógio grande, mas no lugar dos números, havia uma tela dividida em cinco partes (dia, mês, ano, hora e minutos), e logo abaixo, botões com números minúsculos. Logo ao lado, onde deveria estar o botão para dar início ao funcionamento do relógio, outro botão, vermelho e bastante visível.

Eu estava maravilhado, nunca havia visto algo daquele tipo antes. Coloquei-o ao pulso, deixando o mais preso possível, temendo perdê-lo. Respirando fundo, adicionei à tela o que se pedia: aquele dia, aquele mês, aquele ano, aquela hora, aqueles minutos… Pronto para apertar o botão vermelho e dar início a um novo futuro melhor, hesitei. Seria o certo a se fazer? E se eu não conseguisse?

Deixando esses pensamentos de lado, o apertei forte. E esperei. Esperei, esperei e esperei. Mas nada aconteceu. Não funcionou? Tails não havia conseguido fazer a máquina…

Uma onda de desespero toma conta de mim, misturada à dor da derrota e perda. Minhas esperanças se esvaíram, meu coração voltou a afundar no peito. Voltando à estaca zero mais uma vez.

Quando estava prestes a remover o relógio de meu pulso, a tela que continha os dados transmitiu uma estranha luz branca, que foi crescendo até me cegar por completo, obrigando-me a tampar os olhos com o braço. O outro braço, que continua o aparelho, vibrava como um louco. Por um momento, senti como se minha alma tivesse saído do corpo, a calmaria tomando conta, até tudo ser jogado contra mim outra vez e cair de joelhos no chão, sem fôlego.

Com dificuldade, abro os meus olhos, esperando o esbranquiçado sumir de vista. Senti algo macio entre meus dedos, e assim que consegui focar, percebi.

Eu estou na floresta, naquele exato momento que me foi desejado quando acionei a máquina do tempo.

Eu voltei para o passado.

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