Sombras do Amanhã

𒀽 Capítulo Seis: Cansaço Temporal 𖣚

𒀭 ׅ ֹ 𖤐 𒈝 𖤐 ֹ ׅ 𒀭

Acordei sentindo-me completamente desgastado, como se as horas de sono que havia tido não tivessem passado dos 30 segundos. Eu nem ao menos recordava-me de haver voltado para o meu tempo habitual, e no momento, era a minha menor preocupação.

Mesmo exausto, apenas um pensamento permanecia repetido em minha mente: eu traria Shadow de volta!

Coçando os olhos e levantando do sofá, cambaleei até a cozinha; o sono era demasiado, mas a fome ainda vencia. Com meu desespero de reviver Shadow, esqueci-me completamente de mim, deixando de fazer coisas básicas como comer, correr ou ir ao banheiro. Isso, só agora, depois de cumprir metade de meu objetivo, me afetou. Meu estômago doía tanto que eu chegava a delirar, tonteando pela casa.

Uma voz abafada se aproximou, passando ambos os braços em torno de mim e apenas me soltando quando enfim alcancei a cozinha, atirando-me sobre uma cadeira já aberta. Para minha grande sorte, a mesa já estava repleta de tortas de diferentes sabores, e mais algumas saíam do forno neste instante, quentinhas e cheirosas.

Nada em minha volta fazia sentido; eu só conseguia pensar no quanto estava feliz por estar progredindo e por haver tantas delícias diante de mim prontas para serem devoradas.

Percebendo meu desespero, Chris, que descobri ser quem me ajudou até chegar ao cômodo que ansiava, cortou diversos pedaços das tortas, espalhando-as em alguns pratos diferentes. Assim que dei a primeira mordida, meu corpo inteiro reagiu positivamente, a barriga roncando como se implorasse por mais - o que não estava longe da verdade.

Voltei a mim quando tudo acabou, e me sentia mais cheio que o normal. As coisas voltaram a clarear, e lembrando do que aconteceu algumas horas atrás - ou deveria ser "alguns dias"? -, um enorme sorriso deu lugar à expressão cansada e destruída que vinha carregando nos últimos tempos.

Correspondendo, o universo trouxe Tails neste mesmo instante, que assustou-se ao ver minha cara de palhaço feliz.

— Sonic? É você? — Não pude evitar de rir, acenando com a cabeça como um sim. A raposa mordeu o lábio inferior, se aproximando o suficiente para tocar minha testa e verificar meu pulso. — Tem certeza? Desde quando você é tão… animado?

A menção das palavras aqueceu meu peito, trazendo mais uma vez as lembranças que tive com Shadow na última viagem temporal. Ainda conseguia lembrar-me do beijo que tivemos, o que só servia para derreter-me mais.

— Eu vou conseguir, Tails! Está funcionando mesmo! Eu vou trazer Shadow de volta!

Isso o fez parar, afastando-se como se eu tivesse um vírus contagioso. Seu olhar preocupado se tornou uma carranca séria. Sem responder e me ignorando completamente, pegou um único pedaço de torta isolado da bandeja, deixando o cômodo silenciosamente.

— O que foi isso? — Chris parecia tão confuso quanto eu, olhando o local onde Tails foi visto pela última vez.

Nos entreolhamos, e só quando soltei um demorado bocejo, Chris pareceu notar o quanto estava desgastado.

— Você precisa descansar. — Me ajudou a levantar, levando-me em direção ao seu quarto. — São as viagens no tempo? Tails mencionou elas.

Não podia negar que sempre que retornava, sentia-me sem energias, e o raciocínio de elas serem as culpadas não era exatamente errado.

— Deve ser isso — sussurrei, cansado e quase dormindo em pé. — Volto sempre adormecido, mas quando acordo, é como se não tivesse tirado nem uma soneca. É desgastante, mas não posso parar agora. O Shadow… — Bocejo, balançando a cabeça para tentar afastar o sono e continuar — …precisa de mim. Eu preciso dele.

O garoto sentou-me em sua cama, avaliando a forma como estava; lutava para manter os olhos abertos, a cabeça caindo para o lado a cada tentativa de permanecer desperto. Com um suspiro longo, me empurrou para deitar na cama, e pela maneira que estava, não lutei contra, afundando no colchão macio.

— Não faça mais isso por um tempo. Você precisa descansar, Sonic. Olha só o seu estado.

— Já entendi — resmungo, puxando os cobertores. Ele pareceu satisfeito com meu ato, andando até a porta. Antes de sair, lançou-me um sorriso, a mão sobre o interruptor que apagaria a luz.

— Você consegue, Sonic. Eu acredito em você.

Apagando a lâmpada, fechou a porta atrás de si, deixando-me sozinho no quarto escuro, já vencido pelo sono.

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