𒀽 Capítulo Nove: Dores de um Futuro não tão Distante 𖣚

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𒀭 ׅ ֹ 𖤐 𒈝 𖤐 ֹ ׅ 𒀭

— Por favor, tem que ter um jeito!

Tails negou mais uma vez, tentando me acalmar.

— Sonic, escuta! — Ambas suas mãos envolvem as minhas, repletas com as peças do relógio. — Foi quase impossível construir isso, além de que essas peças não são mais fabricadas. Eu sei que isso pode ser péssimo, mas não tem como consertar ou fazer outra! Sinto muito…

Mais uma vez, desatei a chorar, me negando a crer nas informações dadas.

— Não, tem que ter alguma forma de me ajudar! Tails, eu sei que você consegue!

Suspirando, sentou-se no sofá, apertando a têmpora com os dedos, na tentativa de acalmar a si mesmo antes.

— Eu disse desde o início que não importa o que você mude, o destino vai continuar fazendo de tudo para as coisas não mudarem como você quer. Não tem como salvar o Shadow. Agora não tem mesmo. Você precisa entender isso, precisa entender que não há mais volta.

Meu sangue ferveu, e para não descontar em Tails, que já fez demais construindo a primeira máquina do tempo com tudo de si, corri desesperado para qualquer lugar, deixando a casa e todo o resto para trás.

Meus pés, com vida própria, levaram-me na direção de um aglomerado de montanhas, parando somente quando tive a oportunidade de atirar-me no gramado, ao lado de um enorme abismo que parecia não ter fim.

As peças, que estavam em minhas mãos, foram depositadas em um pequeno buraco que cavei, deixando à mostra, mesmo escondidas.

Sentia como se o mundo inteiro desabasse sobre mim, e a única coisa que podia fazer era segurar seu peso, evitando ser esmagado. Mas, a cada vez que pensava nisso, mais vontade de soltá-lo tinha.

Enquanto olhava a profundidade do abismo, as pernas balançando no vazio dele, a resposta para a pergunta que tanto temi me veio à mente: do que exatamente eu precisava desistir?

Eu nunca desistiria de Shadow, nunca desistiria do meu amor por ele. Só havia uma coisa do qual estava disposto a desistir, que parecia ser a coisa certa.

Minha vida.

Não tinha mais por que hesitar nem pensar duas vezes. Pondo-me de pé, virei as costas para a escuridão, olhando todo o gramado, prédios à distância e o azul do céu em minha frente.

Meu coração disparava de ansiedade, louco para compreender as loucuras da morte. A adrenalina tomava conta de meu ser, e antes que tivesse tempo de pensar se era o certo a se fazer, cerrei os olhos, tirando o peso do corpo e atirando-me para trás, em direção ao infinito buraco.

À medida que caía, as lágrimas que derramava ficavam para trás, escorrendo demoradas por meu rosto. Minha vida inteira passou diante de meus olhos, e junto dela, todas as dores, decepções e tristezas foram deixadas. Sorri uma última vez, antes de sentir a mesma sensação de deslocamento e todas as cores do universo desaparecerem diante de meus olhos, numa tentativa falha de assistir o azul claro do céu novamente antes de partir.

Enquanto soltava o último suspiro, apenas uma pessoa se instalou em minha mente, sorrindo como se afirmasse que as coisas estavam mesmo bem agora: Shadow.

𒀭 ׅ ֹ 𖤐 𒈝 𖤐 ֹ ׅ 𒀭

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