Dança com o Diabo

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Pela manhã as caravanas finalmente chegavam em Istambul. Para alguma pessoas a cidade era nova, sendo a primeira vez que estavam na cidade e, para outras, a cidade era familiar, já conheciam os arredores. Para Najla e a Irmandade, era a primeira vez tendo contato com a grande cidade. 

As caravanas pararam numa região próxima de uma grande praça, em uma rua que possuía algumas pousadas, era uma localização favorável para todos. Enquanto alguns acomodavam os cavalos numa área segura, outros ajudavam a descarregar os baús e pertences dentro das hospedagens, todos os artistas se ajudavam, entendiam o senso de comunidade. Alguns deles saíram para outras ruas, haviam combinado de encontrarem outros artistas que já estavam há algum tempo na cidade. Combinaram de elaborar um grande espetáculo para o festival.

Najla descarregou seus baús e outras bagagens eu seu quarto, ficou aliviada ao ver a cama, estava sonhando com uma noite de sono confortável haviam semanas. Era acostumada a dormir no chão e em lugares inusitados desde criança, mas não tinha medo de admitir que a cama lhe era muito mais atraente. 

Um caminho sem volta.

Caminhou até a penteadeira arrastando o baú de roupas e a mala de figurinos, começou a pendurar as roupas e colocar seus ítens sobre a penteadeira, seus perfumes, maquiagens, suas jóias. Ela ficaria na cidade por três semanas e seguiria para o Leste antes do fim do verão, podia se dar o luxo de manter suas coisas à disposição, sem a necessidade de guardar sempre depois que usasse por estar sempre na estrada. Ela teria o dia todo para descansar hoje, amanhã seria a noite de sua estreia.

Passou o restante da manhã depilando seu corpo como de tradição, massageando óleo perfumado nas mechas de seu cabelo e no corpo, retocou a henna de suas mãos e de seus pés, reforçando a pintura. Seu pequeno ritual. 

Layla levou o almoço para o quarto de Najla, comeram juntas, conversaram sobre suas expectativas na cidade. A sensação agradável de renovação toda vez que chegavam em uma nova cidade, era delicioso, uma vida simples, mas deliciosa.

Depois do almoço, Layla desceu para preparar alguns pratos para vender no dia seguinte, a massa de algumas iguarias precisava descansar, o tempero de outras precisava marinar. Samira e Warda também tinham tarefas a efetuar. Najla se preparou para sair, envolveu um lenço na cabeça, cobrindo seu cabelo e também o rosto, calçou suas sandálias e foi para a rua, caminhou alguns quarteirões até encontrar uma casa de banho. Lá ela receberia o Hamam e voltaria para a pousada para descansar.

De volta à pousada, já no fim da tarde, Najla estava focada em descanso, amanhã não trabalharia atendendo, iria apenas se apresentar durante a noite no festival. Se deitou na cama e se cobriu, afundando nos lençóis. Seus olhos se fecharam e ela adormeceu rapidamente, estava exausta da viagem.

Acordou na manhã seguinte, desceu para o desjejum em silêncio, dia de estréia: poupava sua energia para dar o melhor de si, sabia que as estréias eram valiosas, a primeira impressão sempre marcava mais, sabia que se sua performance hoje à noite fosse boa, os outros dias de festival seriam lotados de expectadores, ganharia muito dinheiro, as pessoas comentam, as pessoas espalham as notícias, as pessoas se atraem pelo que ainda não conhecem se recebem uma boa prévia a respeito. Os outros artistas podiam entender a grande estreia em suas experiências pessoais, também esperavam fazer uma boa performance para garantir o público dos próximos dias, mas não conseguiam compreender o motivo de Najla ser tão calada, não interagir tanto com os outros, era deslocada. Najla ignorava os olhares, focava em suas obrigações. 

Depois do desjejum ela foi até um grupo de músicos que também vinha do Egito, se sentiu bem em conversar em sua língua materna, combinou com eles de tocarem duas músicas, ela faria duas apresentações esta noite. Uma no meio do festival e a outra no final. A primeira para atrair e prender expectadores e instigá-los a procurar por mais, e a segunda para satisfazer o desejo do público, mas sem deixá-los tão contentes, provocando-os a procurar por mais no dia seguinte.

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