O Oculto

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Em uma noite como qualquer outra no reino do Clã da Lua, os gêmeos Ivan e Yuliy brincavam no jardim com seus primos e primas. 

Era véspera de aniversário dos príncipes, o sétimo equinócio de primavera de suas vidas, Ivan corria do irmão que segurava um graveto na mão.

-É a sua vez de ser o vilão, Ivan! -Gritou Yuliy. -Volte aqui, eu toquei em você com o graveto, está com você agora! 

-Não tocou, não! -Ivan teimou, rindo e seguiu correndo para mais fundo do jardim, próximo aos pinheiros. -Eu não quero ser o vilão!

-Não é justo, Ivan, volte aqui! -Gritou Faina, prima deles.

-Ninguém consegue me alcançar! -Ivan riu, correndo cada vez mais, a energia de uma criança radiante.

A Lua brilhava no céu, anunciando a chegada da nova estação, a neve ainda cobria todo o solo do jardim e do reino, a luz do luar refletia na neve, deixando-a quase prateada, refletia seu brilho.

Yuliy parou de correr, preocupado com o irmão que se afastava cada vez mais dele e dos primos. 

-Ivan, o nosso pai não permite que entremos aí! Volte agora! -Yuliy gritou ao ver que o irmão estava se aproximando do penhasco, era proibido para as crianças.

-Você não vai me dedurar, não é? -Ivan riu, correndo até o penhasco. 

O castelo do Clã da Lua ficava no topo de um penhasco muito alto, acreditava-se que o castelo deveria ficar o mais próximo possível da lua, logo, ali era o local perfeito para a instalação de uma grande fortaleza. 

Ivan correu até a beira, olhando para baixo e além, para o oceano diante dele, a lua no horizonte, sua respiração ofegante, ele começou a respirar profundamente de maneira forçada para se acalmar mais rapidamente.

-Ivan!! -Yuliy gritou ao longe. -Volte! 

-O senhor Mikhail vai ficar furioso! -Gritou um de seus primos.

-Deixem ele, vamos voltar para o castelo ou vai sobrar para nós. -Outro primo disse.

As crianças se viraram e correram de volta para o castelo. 

Yuliy permaneceu parado, observando o irmão, preocupado. 

-Saia daí, idiota. -Yuliy sussurrou para si mesmo. 

-Yuliy, venha logo! A Faina foi chamar o seu pai! -Um dos primos chamou, Yuliy bufou e se virou para correr para o castelo. 

Mas o menino sentia que algo não estava certo, embora não entendesse o que pudesse ser. 

Ivan olhou para trás, vendo Yuliy voltar para o castelo.

-Covarde. -Ivan riu, se virando para encarar a queda do penhasco, a adrenalina tomando conta de seu corpo enquanto observava as ondas se chocando com as pedras no fundo. 

Foi quando o menino viu algo lá embaixo, trazido pelas ondas, repousava sobre uma grande rocha, parecia estar lutando por sua vida, Ivan arquejou, arregalou os olhos ao perceber que a criatura cintilava como a lua. 

Poderia ser um ser místico? Poderia ser uma entidade? 

Ivan não hesitou, a curiosidade infantil gritando, se ele levar sua descoberta ao castelo talvez ele se torne muito mais popular que seu irmão de olhos de esmeralda, talvez ele chame muito mais atenção, talvez ele prove seu valor. 

Tomado pela motivação, Ivan correu até a lateral do penhasco, ali possuía um caminho secreto para descer até o mar, só ele conhecia o caminho, só ele ia até o penhasco escondido do pai, Yuliy jamais saberia... E nunca soube. 

Dança da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora