Promessa

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Os olhos de Najla observaram as grandes ruínas de pedra diante dela, parecia ser um local antigo e sagrado, desgastado pelo tempo. Estava de noite, a Lua e as estrelas iluminavam o céu, mas estava frio, neve cobria tudo ao redor. Najla estava parada na frente do Templo, ela podia ouvir música tocando, o som vinha de dentro do lugar e fazia Najla se sentir atraída. Ela obedeceu aos seus impulsos de caminhar para dentro do templo, caminhou por entre as pilastras antigas, seguindo o som que ficava mais alto à medida que caminhava. 

Ela virou numa curva e congelou ao ver a cena.

Uma mulher de cabelos tão claros que eram quase brancos, usava um vestido preto elegante e leve, a pele exposta mesmo no frio, estava dançando no centro de um páteo, ao redor dela muitas pessoas tocando instrumentos, uma espécie de ritual. 

Com ela dançava seu consorte: Yuliy.

Ele parecia mais jovem, usava roupas elegantes, da cor preta, os dois orbitavam entre si, os olhares de ambos completamente presos um ao outro, como se o mundo ao redor não existisse, eles giravam graciosamente no páteo, completamente imersos num mundo só deles. 

Era uma cena tão sobrenatural, quase etérea, como se eles fossem deuses. 

Ela se lembrou das danças que dançou com ele antes da morte de suas irmãs.

Dentro de Najla algo despertava, como um lampejo de memória, ela já tinha visto aquilo, e não foi só nas vezes que dançou com ele na Romênia.

Quando a música parou, Yuliy segurou a mulher mais perto dele, beijando seus lábios intensamente, a imagem da mais pura paixão.

-Você é minha Dádiva. -Ele sussurrou, encostando a testa dele na dela.

Todos ao redor do casal se alegraram, como o encerramento de um ritual, uma cerimônia. 

Aquilo era um casamento?

Yuliy pegou na mão da mulher, ambos seguiram para fora do páteo, seus olhares ainda presos um ao outro, eles sorriam, estavam felizes. O casal passou por Najla, de perto ela podia ver bem o rosto da mulher. Tinha muitas semelhanças, os olhos dourados e grandes, os lábios rosados e bem desenhados, quase o mesmo sorriso, a mesma pele dourada. Najla aos poucos começava a se reconhecer na mulher, como um espelho. O anel prata com esmeralda na mão da mulher cintilou, atraindo a curiosidade de Najla.

De repente tudo virou fumaça e Najla foi transportada para outro lugar. 

Uma casa escura estava diante dela, estava de noite, um homem com capa escura cobrindo o rosto saiu correndo porta afora, passando por ela. Ela podia ouvir gritos dentro da casa, correu em direção ao grito e quando encontrou, seu coração afundou.

Najla via a mulher aos prantos, Yuliy ensanguentado nos braços dela, perdendo a consciência. Havia um corte amplo e profundo abaixo da costela do lado esquerdo do tronco dele, o sangue jorrava. Nos olhos da mulher, Najla podia ver a fúria queimando. 

-Acorde, Yuliy, por favor, não me deixe. -A mulher soluçava. -IVAN, SEU DESGRAÇADO! -Berrou olhando para a porta. 

Najla olhou para trás mas não viu ninguém.

Foi quando Najla viu o que Yuliy tinha lhe ensinado na caverna: A mulher, em meio à fúria e ao descontrole e sentindo sua magia se descontrolar, fechou os olhos e respirou profundamente, focando no presente, colocou as mãos no peito de Yuliy e manifestou uma magia poderosa e harmônica, uma esfera de luz surgiu da palma das mãos dela e entrou no peito dele, dando a ele vitalidade, fazendo-o recuperar a consciência, a ferida se fechando. Mas fazendo isso, a mulher se enfraqueceu de repente, ficando esgotada.

Dança da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora