Prólogo

924 187 2.9K
                                    


"Fortaleza Dourada tem seu primeiro Baile das Debutantes desde a morte do rei Andrew I" — Jornal 'Vozes das Cortes'

Apesar da distância entre as Terras Humanas e os mágicos Reinos de Feeryan, era inegável que haviam semelhanças entre o mundo dos humanos e o Reino de  Âmbar. Para bem ou para mal.

Dentre os seis Reinos,  Âmbar se destacava por suas riquezas, eventos sociais, suas invenções e seu gosto inegável por tudo aquilo que é belo e caro.

Belezas essas que, naquele dia, durante o Baile das Debutantes, eram exibidas com todo seu esplendor. O salão de bailes da grande Fortaleza Dourada, estava mais bonito do que nunca.

O palácio do reino de Âmbar não recebia o nome de Fortaleza Dourada levianamente. A maior estrutura que todos os seis reinos já viram, era composta por cinco andares, e se estendia pelo horizonte até onde a vista podia alcançar, além do incontável número de torres, que apontavam para o céu até se perderem nas nuvens.

No entanto, o nome realmente vinha pelo ouro. Esculturas, dragões e grifos de ouro puro descansavam nas amuradas do palácio, cada porta, cada janela ou torre era coberta por ornamentos moldados em ouro, com tantos detalhes que se misturavam com a distância. Ao sol, a fortaleza brilhava tanto que era impossível de se olhar para ela.

Na frente do palácio, seguindo pelas largas ruas de pedra, uma grande fila de carruagens esperava enquanto seus ocupantes desciam para chegar ao baile. Mesmo a distância, o som de risos e música podiam ser ouvidos.

Entretanto nem todo o brilho e esplendor que  mbar podia oferecer era capaz de iluminar o coração sombrio do Rei Andrew.

Mais cedo naquele dia, quando o rei havia sido preparado, seus cabelos loiro cobre haviam sido prendidos para trás em um penteado elegante, mas que já havia sido desfeito pela impaciência do rei, o peso da coroa mantendo-os para baixo. Suas vestes eram de uma seda bela e delicada, o emblema do reino bordado em seu peito e seus olhos cor de mel faiscavam com maldade, enquanto corria-os pelo salão de baile.

As grossas cortinas de veludo vermelho haviam sido puxadas para trás, trazendo a luz da lua para dentro. A abóbada havia sido pintada primorosamente com centenas de cenas importantes da história do reino e ornada com belíssimos candelabros de ouro, que despejavam sua luz contra o piso dourado do salão.

Centenas de servos corriam por todas as direções distribuindo o banquete de quinze pratos para todos os ricos convidados. As damas ostentavam vestidos fartos e ricamente bordados, com saias de armação e sem nenhum decote, trajando luvas e sapatos fechados, garantindo que nenhuma pele além do rosto fosse vista, enquanto os cavalheiros trajavam ternos de cores escuras, mas todos tinham algo em comum: Suas jóias.

Além de seus colares, anéis, pulseiras e brincos, as fadas haviam cravejados pedras preciosas por todas as suas asas, elfos em suas orelhas, ninfas e raposas tinham fios de ouro trançados em seus cabelos. Contra a luz, todos pareciam brilhar.

Todos, menos alguém. E era esse alguém que os olhos do rei procuravam. Aquela comemoração era algo banal para Andrew, o dia em  que várias mulheres debutavam, e que ele, que a pouco havia assumido o trono e completava mais um ano de vida, precisava escolher uma delas para compartilhar a cama e provar sua honra como homem.

Mesmo que sua fama terrível o acompanhasse desde a infância, muitas delas daria qualquer coisa para pertencer a ele naquela noite, em uma esperança de conquistar seu coração e alcançar o poder incalculável que só uma rainha poderia ter.

Seu semblante era frio e cruel, enquanto Anthony, seu irmão, o observava cautelosamente, como se temesse algum descontrole, claramente descontente pelo acontecido de horas antes, quando uma dama veio se apresentar para ele, e o rei disse com desdém que tinha restos de comida no dente dela.

Crônicas de Ouro e Prata: As correntes de ÂmbarOnde histórias criam vida. Descubra agora