"Fada quebrada foi vista andando pelas ruelas da Corte Bronze. Todos se perguntam, quais de sua habilidade ela usou para conseguir escapar com vida da fortaleza dourada." — Jornal 'Vozes da Corte'
❖Mabella, em alguns momentos, sentia que sua vida era uma grande invenção de um inventor inexperiente: fadada ao fracasso e prestes a explodir em sua face. E esse era um daqueles momentos.
Ela estava diante de Madame Liz, que estava furiosa, e não era para menos, a noite anterior havia sido uma grande noite e Mabella não só não havia comparecido para ajudar, como também não havia feito nada do que a mulher havia solicitado.
Não era culpa sua, depois de ter sido arrastada para a Fortaleza Dourada, não foi tão fácil sair de lá. Ela estava em dívida com a coroa, e o rei Andrew não parecia nenhum pouco preocupado com o fato de que ela precisava trabalhar para sobreviver.
Anthony, o irmão do rei, que ela soube pouco tempo depois que não se chamava "Sombra", conseguiu com muito custo convencê-lo de que ela já tinha um lar.
"Por favor, não o irrite, eu tive que dar meu sangue para convencê-lo." O homem havia frisado bem. E no final ficou definido que Mabella estaria na Fortaleza Dourada antes que o banquete de almoço fosse servido, no período da manhã e partiria quando o sol deixasse o céu.
— Eu não sei o que vou fazer! — Mabella se deixou cair sentada na cama de plumas de Madame Liz. — Estou perdida! Como vou trabalhar se terei que passar o dia inteiro lá? Como vou me sustentar? Como vou trabalhar nos meus projetos?!
Vendo o desespero na voz da menina mais jovem, Madame Liz não encontrou nada em si para ficar com raiva. Certo, ela realmente precisava que a menina tivesse consertado algumas das coisas da casa e trouxesse as compras e o presente de Liese, mas não era culpa dela afinal.
— Mabel, querida, eu sei que você construiu sua própria casa com seu esforço — A mulher começou, lembrando-se de como a menina passara quase três anos juntando cada mísero pedaço de metal que podia encontrar e, com isso, havia erguido a casinha com suas próprias mãos. — Mas sabe que sempre terá um lar entre nós, não sabe?
— Obrigada, madame, mas eu... eu... — Como ela diria isso? Não queria parecer ingrata mas...
— Você saiu para ter sua liberdade. — Madame Liz completou, sentando-se ao lado dela e correndo os dedos por seus cabelos. — Você queria ser responsável por si mesma e conseguiu isso. Não a julgo por não desejar voltar.
— E agora perdi tudo! — Mabelle piscou, lutando contra as lágrimas que ameaçavam preencher seus olhos.
— Ou não — insistiu a madame. — Permitirei que você trabalhe aqui durante a noite, depois que deixar o palácio. Não posso te pagar cinco coroas de bronze como antes, sendo que você trabalhará apenas um terço do tempo, mas te pagarei duas. Você pode voltar a dormir aqui, se acabar suas funções tarde demais, sua antiga cama ainda está do jeito que você deixou.
— Madame... Algumas horas de trabalho não valem duas coroas de bronze, não posso aceitar...
— Você pode e você vai. Não pense que pegarei leve com você, trabalhará muito, posso te garantir — Ela deu uma risada. — E Liese, Myra e Verona sentem falta da companheira de quarto delas, vão ficar felizes se você ficar.
— Não vou ficar — Mabella insistiu. Ela amava o casarão, amava realmente, mas havia construído sua casa com as próprias mãos e a amava de todo coração. — Voltarei para casa assim que terminar.
Além de que, ela odiava estar no Casarão quando estava aberto para clientes, afinal, acabava vendo e ouvindo muito mais do que desejava.
— Entendo — Madame apertou-lhe o ombro uma última vez. — Boa sorte garota, você vai precisar.
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Crônicas de Ouro e Prata: As correntes de Âmbar
RomanceDizem que a beleza modesta, longe dos olhos de qualquer um, é aquela mais linda. Um pensamento que não se encaixa no Reino de Âmbar. Um reino onde o que é bonito deve ser coberto por luxo, tornando-se deslumbrante. Ouro, riqueza, nobreza, eventos so...