O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui.
-William Shakespeare
_______________________
O toque do alarme de Dina veio muito cedo, roubando-a de um sono profundo e sem sonhos. Sem abrir os olhos,ela deu um tapa no tablet na mesinha de cabeceira para desligar o alarme,em vez disso,jogou-o no chão,onde continuou a zumbir e repicar seu tom ansioso,como se dissesse: Dina! É hora de acordar! Acorde,Dina! Ela gemeu,saindo do casulo quente de sua cama e desligando o alarme.
Ela havia trabalhado na clínica até quase 2h, ajudando a tratar um grupo de cadetes que se feriram quando uma panela pressurizada nas cozinhas industriais do navio transbordou e começou um incêndio com graxa. Quando Dina finalmente desabou na cama,ela estava exausta,mas percebeu que estava bem acordada,presa e rígida como uma haste de metal,completamente incapaz de dormir. Não havia como parar de pensar sobre o que aconteceu mais cedo naquela noite no salão,repassando a cena em sua mente. Ellie no palco tocando seu violão, aquele olhar em seus olhos. Mesmo do outro lado da sala,aquele olhar era quente o suficiente para fazer Dina se contorcer como se ela estivesse muito perto do fogo, começando a suar,o vapor subindo de sua pele. Não havia dúvidas sobre o que aquele olhar significava,certo?
Essa não era uma pergunta retórica - Dina quis saber.
Ellie tocando aquela música e olhando para ela assim - não era um gesto que dizia,que bom que somos amigas platônicas de novo. Eu quero segurar você em meus braços, platonicamente. Você eletrifica minha vida,como uma melhor amiga. Mesmo assim, Dina não queria fazer suposições sobre o que isso significava. As suposições eram a raiz de quase todo sofrimento. Ela sabia o que queria que isso significasse,mas até que as palavras fossem ditas,ainda havia uma incerteza significativa. Então,Dina tinha ficado acordada,revirando-se inquieta na cama até quase 05:00,quando finalmente adormeceu. Quando o alarme a despertou duas horas depois,ela se sentiu como se não tivesse dormido nada.
Dina relutantemente se levantou e caminhou até seu guarda-roupa para colocar sua roupa de ginástica. Seus membros estavam pesados e letárgicos. Ela estava com uma forte dor de cabeça e a cabeça nublada. Parecia uma ressaca,mas não era - era aquela sensação clássica de estar acordado a noite toda. Ao cruzar a sala,foi tomada por uma sensação de alerta repleta de adrenalina e obstinação. Seu coração batia forte em seu peito,batendo como uma locomotiva ganhando velocidade ao se aproximar de uma passagem na montanha. É melhor acelerarmos ou não conseguiremos subir a colina.
Era impossível estar cansado nessas circunstâncias. Seu desejo de saber,de ter clareza,era esmagadoramente forte. Ela deve ser mais circunspecta; recuar e não correr o risco de ter esperança,mas ela estava impotente contra isso. A esperança cresceu em seu coração,impulsionando-a durante sua rotina matinal. Ginásio,chuveiro, refeitório - ela rodou por tudo isso no piloto automático com energia de sobra.
Ela não viu Ellie a manhã toda.
Às 09:00,a equipe da missão se reuniu na sala de instruções para uma última reunião antes da partida. Eles ainda não haviam recebido nenhum detalhe sobre sua missão, mas a Academia gostava de manter os detalhes no mínimo e deixar os cadetes se adaptarem a qualquer situação em que se encontrassem. “É mais realista”, disse McKay.
Ellie parecia bem descansada e revigorada quando chegou e se sentou ao lado de Dina na mesa de conferência,dando-lhe um sorriso caloroso e conspiratório,como se estivessem em um segredo juntas. Seu cabelo estava úmido e ela cheirava levemente a sabonete,levando Dina a imaginar que ela tinha saído direto do chuveiro… esse pensamento levou a outros pensamentos,pensamentos de Ellie no chuveiro ...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Abismo nas Estrelas
Hayran KurguTodos os créditos e direitos a autora @violeta_horizon. Plágio é crime! Essa história é apenas uma tradução da história original feita no site: ARCHIVE FOR OUR OWN Traduzido pt/br por: Benficuxa Resumo: Duzentos anos depois que o fungo Cordyceps re...