(E)xílio

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7 de abril, 2015.

Eu sou diferente das outras pessoas. A luz forte me incomoda nesse momento, mas eu sei que não posso parar agora. O sono está batendo em minha porta, mas eu me recuso a abrir. O amor por ele também está, mas ela permanece trancada. Eu nunca quis ser assim, sofredora. No fundo, no fundo - mas também no raso - eu sinto que sou o oposto de toda a gente. Eu sou uma verdadeira masoquista, que gosta de apanhar para sentir prazer. Considero isso um distúrbio psicológico. Não necessariamente ruim, bom, também. Quanto mais me oprimem, mais me liberto. Quanto mais me calam, mais gritos eu dou.

Não sou perfeita, eu sei. Para a sociedade - não só de hoje, mas de sempre - preferem pessoas padronizadas que se mantêm sob seu controle. E eu cansei de ser controlada. Quando era pequena, já reparava em detalhes como: o porquê de a letra de um médico ser feia e ninguém dizer nada, enquanto me julgavam analfabeta pelo mesmo motivo; como falavam palavrões e nós crianças, éramos proibidas. Hoje eu sei que isso se chama hipocrisia. Iremos acabar pecando, escrevendo com a letra feia e falando palavrões de um jeito ou de outro. Não tente evitar.

9 de abril, 2015.

Na maioria das vezes nós apenas queremos ser libertos, mais espontâneos. Chorar quando se quer chorar, rir quando se quer rir e etc. Eles sempre me proibiram de tudo, nunca fui uma criança normal, sempre fui meio complicada, dando grande ênfase às regras, não me arrependo disso. Mas hoje, eu vejo pessoas tão soltas e à vontade, enquanto eu me ponho em rígido e sério. Eu queria poder chorar, gritar, sofrer para fora da mente, mas eu não consigo. Sempre que tento, é como se fosse uma espécie de suicídio mental. O meu cérebro se sente maligno e errado, um criminoso, e simplesmente não consegue realizar "meus mandados".

      Mas com o tempo, a revolta, a angústia e toda a dor se transformam em uma ignorância passageira. Eu fico feliz por isso, eu mesmo não me suportaria se fosse estúpida e ignorante todos os dias. Além do mais que um dos meus ideais mais fortes é que devemos amar uns aos outros. Eu poderia começar a reclamar sobre as pessoas que preferem acolher um cachorro na rua a um mendigo, já que ajudam um cachorro, por que não ajudam uma humano também? Mas eu não sou aquele tipo de pessoas que fica reclamando e não toma uma atitude. As atitudes formam uma pessoa, e eu procuro sempre ter a mesma atitude com todas as pessoas, indiferente de comos elas me tratam. Se você me tratar bem, eu vou te tratar bem. Se você me tratar mal, eu irei orar por você e te tratar bem também.

    Essas palavras são tão saborosas para mim, eu sinto um extenso prazer em escreve-las. Quando eu estou com o lápis em mãos, a sensação é igual a de um flautista tocando em seu tão amado instrumento. Eu acho que isso é uma arte, e espero também nunca parar de faze-lo.

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