14 de julho, 2015.
Sonhei contigo esta noite. Era um sonho tão belo. Eu podia ver o seu rosto com tanta nitidez que foi quase como se apaixonar de novo.
Eu pude ouvir a tua voz, era como uma melodiosa canção. Era uma voz grave, suave, algo como um recital de Beethoven. Mas o que saía dessa tua boca linda, não era nada agradável. Insultos, xingos. Tu odiavas-me, tal como agora.
26 de julho, 2015.
Ainda posso me lembrar do cabelo loiro da sua companheira, preso com um laço. Braços enlaçados. Eu já estava totalmente despedaça, mas fingia ser forte, fingia não me importar; mas estava claro que eu não parava de observar. Porém tudo ficou fora do lugar quando tu decidiste tocar. O belo piano brilhando a tua frente, recentemente tocado por mim. Você se sentou e começou a mover seus dedos; bastou para tudo ir ao chão. A minha muralha de quinta categoria, a minha fortaleza inocente, que seria derrubada apenas por um simples sorriso teu. As pessoas ficaram concentradas quando eu toquei, mas quando tu tocaste, elas simplesmente se afastaram, sem dar atenção; voltaram às suas tarefas anteriores. Você ficou chateado, mas é lógico que percebeu que eu estava assistindo, dando-te mais atenção do que o natural.
Mas agora eu penso comigo: que tipo de sonho foi esse? Que tipo de pessoa sonha com uma coisa dessas? O Pai Celestial só pode estar de brincadeira comigo; mas tudo bem, não irei questionar suas vontades.
Era tão real, tudo era lógico e fazia sentido. Se encaixava exatamente com as circunstâncias da vida real. Que pena. Afinal, por que não mais uma ilusão para o meu pacote de decepções?
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Abecedário
PoetryComo as flores que desabroxam na primavera e os frutos que se formam no verão, a invernia que mata e a carne que sangra; tudo vai, tudo vem. E tanta coisa já se foi desde a letra A, inclusive o tempo, meu tempo. Eu tenho que partir, as página...