26 de julho, 2015, por volta de 00:31.
Aqueles olhos...
Até hoje me lembro deles como se estivessem aqui, comigo. Como se tudo não passasse de uma ilusão da minha mente. Como ele sorria, como ele abria aqueles lindos lábios para dirigir sua palavra para mim.
Sempre tão brilhantes.
Castanhos como a terra que sujava nossos sapatos; desafiantes, conquistadores. Eu me deixei levar, entreguei-me por aqueles olhos. Eu havia espreitado por aquelas janelas, e lá dentro vi algo que nunca havia visto. Já que os olhos são as janelas da alma, é por ali que vemos seu reflexo também. Da cor de um breu, um crepúsculo sincero. Porém, quando banhados em lágrimas, só me faziam sofrer mais. Uma facada em meu coração nada erudito, fazendo-o bater ininterruptamente por ti.
Mas acho que devemos voltar ao foco principal:
Aqueles olhos.
Os seus olhos. Não importa o quanto eu tente te esquecer com outras palavras, outras ilusões, serei eu sempre tua? Eu cheguei a conclusão de os seus olhos já tem outro alguém, sempre tiveram. Então, por que afinal de contas, estes daqui continuam sofrendo por esses daí? Os dias passam tão depressa, que eu nem tive noção do tempo que passou. Oh, veja, quantos meses já se passaram desde o fim? Muitos.
Eu andei meio distante, andando por de cá e por acolá. Procurando outro abraço e outro cheiro que pudesse substituir o seu... Mas nada. Não havia nada! Eu me sinto tão enraivecida, tão desiludida, tão revoltada com toda esta situação! Já por agora não é apenas o coração que precisa de ti; a mente também repousa nas tuas memórias, vagando atrás de lucidez necessária para a vida pacífica.
Neste momento eu só quero que você chegue mais perto, segure minhas mãos, me abrace e diga que vai ficar tudo bem. Mas, apesar de toda essa alucinação dos teus braços nos meus, eu tenho a perfeita noção que jamais irá acontecer. Quero sentir o teu afago de leve no meu cabelo e o teu perfume barato. Quero sentir os teus pés se enroscarem nos meus, debaixo de uma manta quente, numa madrugada fria.
Quero, quero, quero e não posso nada. Quem me dera um dia parar de sonhar e poder realizar todos os meus sonhos. Vê-los tornar-se realidade. Nem todos são difíceis, apenas há uma lista sem número e tempo dos que são considerados impossíveis nesse universo. Talvez num paralelo acontecesse. E você está incluído na grande parte deles, baseiam-se em ti.
O meu tempo está acabando, o alfabeto está acabando. E quando acabar, o que eu irei fazer? Onde poderei me lamentar pela tua perda? Talvez arraque o pedaço de coração que ainda resta — o que tu não levaste — e use para fazer qualquer rabisco, acompanhado de um café amargo.
Mas, no fim de tudo, depois de sonhar com os teus olhos e imaginá-los me encarando novamente — eu só quero te desejar uma boa noite.
E que seja feliz com este novo alguém.
E que esta pessoa saiba apreciar o meu tão amado tesouro e seus diamantes: os seus olhos.
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Abecedário
PoetryComo as flores que desabroxam na primavera e os frutos que se formam no verão, a invernia que mata e a carne que sangra; tudo vai, tudo vem. E tanta coisa já se foi desde a letra A, inclusive o tempo, meu tempo. Eu tenho que partir, as página...