(M)artírio

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      Quando você chegou, eu jurei que seria eterno. Quando você se foi, eu jurei que seria finito. Em todas as vezes em que sonhei e que amei cada parte do seu corpo como se fosse a última vez, eu sempre soube que iria doer, que eu iria sofrer. Mas esse tipo de coisa é tão difícil de aceitar, não é? Após tantas feridas, eu jurei a mim mesma que não aconteceria de novo, que aquela seria a última vez; prometi na vã esperança de que um dia eu ia me livrar desta saudade.

Como eu sinto falta das tuas mãos, do teu toque, daquele beijo gostoso no final de uma tarde, a sua companhia num gole do café da esquina.

Momentos como este em que eu me embriago como um velho ébrio à procura de sua liberdade, por entre bares e Dreher's e tabacos de palha e todo o tipo de perdição que o mundo puder me dar para que eu encontre uma forma de te tirar da cabeça, de fazer  parar a dor.

      Sinto-me inerte, perdida em instantes caóticos entorpecidos de palavras incompletas. Não obstante, atiro-me de um precipício, seja ele material ou apenas mais uma invenção da minha mente, dentre outras que me perturbam e me tiram o sono.

      Permito-me, por fim, afirmar que após muito tempo a pensar, cheguei à conclusão de que mesmo as mais sábias  palavras não poderiam ter salvado o nosso amor. Peço perdão.

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