𝖯𝖮𝖳𝖳𝖤𝖱?|𝖣𝗋𝖺𝖼𝗈 𝖬𝖺𝗅𝖿𝗈𝗒 𝖯𝗈𝗋𝗍𝗎𝗀𝗎𝖾̂𝗌

53

"Eu realmente não quero entrar aí, Harry," suspirei quando chegamos ao escritório de Umbridge. Eu tenho temido isso desde que a aula dela acabou. Eu não conseguia nem almoçar; isso realmente significava alguma coisa.

"Bem, infelizmente não temos escolha," Ele zombou, balançando a cabeça antes de bater na porta de madeira. Não havia um som vindo de dentro, e por um momento pensei que ela poderia ter se esquecido de nós.

Mas então toda a esperança se desvaneceu quando um suave "Entre" foi ouvido e Harry abriu a porta.

Eu quase engasguei com minha própria saliva assim que nós dois pisamos no escritório rosa. Meus olhos arregalados examinaram a sala, mas quanto mais eu fazia, mais rosa eu encontrava. "Merlin," eu sussurrei, e o cotovelo de Harry rapidamente encontrou meu lado.

Por que todos de repente sentiram a necessidade de fazer isso?

As placas de gato cobrindo toda a parede rosa me deram o resto, e eu engoli em seco quando meus olhos caíram sobre ela. Ela olhou para nós com um sorriso largo, antecipação em seus olhos.

"Boa noite, senhor Potter," ela disse antes de olhar para mim. Ela me inspecionou antes de seu sorriso crescer ainda mais. "Senhorita Potter," ela disse, acenando em minha direção uma vez. "Você está bem?"

Limpei a garganta, com um sorriso educado no rosto e comecei a balançar a cabeça freneticamente. "Claro", eu disse. "Seu escritório - é tão... você," eu exclamei, tentando fazer soar como um elogio.

Ela sorriu, assentindo também enquanto inspecionava o quarto uma vez. "Ora, obrigada, querida."

Harry fechou a porta atrás de nós quando Umbridge nos convidou a sentar em sua mesa. Então, nós fizemos. "Vocês vao fazer algumas linhas para mim hoje."

Linhas? Isso não poderia ser tão ruim.

Sem que nenhum de nós dissesse uma palavra, fomos procurar nossa pena em nossa bolsa, mas ela rapidamente nos impediu de fazê-lo. "Não, não com suas penas. Vocês vao usar uma muito especial minha."

Eu franzi minhas sobrancelhas quando ela se levantou para colocar duas penas idênticas entre Harry e eu, mas pegou uma mesmo assim.

"Agora, quero que vocês dois escrevam 'Não devo contar mentiras'." Umbridge estava atrás de nós, inspecionando cada movimento nosso com cautela enquanto nos dava as instruções.

"Quantas vezes?"

"Bem, digamos, o tempo que for necessário para que a mensagem seja absorvida", disse ela, começando a vagar pela sala. Poderia uma senhora obter tanta satisfação em fazer alguns adolescentes escreverem algumas linhas?

"Não há tinta", eu disse claramente, visto que ela estava esperando que começássemos a escrever. Eu dei a Harry um olhar que dizia que algo não estava certo, e ele imitou exatamente.

O que foi, porém,  o que não estava certo?

"Ah, vocês não vao precisar de tinta." Quero dizer, penas sem tinta em um mundo cheio de magia não eram necessariamente exageradas, então, eu apenas comecei a escrever. E senti Harry fazer o mesmo ao meu lado.

Tanto tempo se passou e comecei a me perguntar por quanto tempo realmente tínhamos que fazer isso quando senti uma sensação repentina se formando nas costas da minha mão.

A sensação de formigamento rapidamente evoluiu para uma dor aguda e pungente, e eu estremeci. Soltei a pena e ela rolou para fora da mesa no momento em que peguei minha mão para inspecioná-la melhor.

Eu franzi minhas sobrancelhas depois que vi as palavras esculpidas em minha pele, deixando uma sensação de queimação para trás.

Não devo contar mentiras, dizia.

Com os olhos arregalados, olhei para meu irmão, que parecia mais preocupado com a minha do que com a própria mão. Eu desviei meus olhos dele quando Umbridge se aproximou de nossas mesas com passos suaves.

Seus olhos azuis estavam penetrando nos meus, e então nos olhos de Harry antes que ela falasse. "Sim?"

Sua voz era quase um sussurro, e eu podia sentir a raiva crescendo dentro de mim. Já não fui torturada o suficiente por toda a vida?

Eu estava esperando que Harry dissesse alguma coisa, protestasse, ficasse indignado quando ela falasse com ele. E ela parecia saber que, se tivesse se dirigido a mim, não teria terminado do jeito que estava prestes a terminar.

"Nada." Minha cabeça virou na direção do meu irmão com suas palavras. Depois de como ele falou com ela na aula, não pensei que ele fosse desistir assim.

Logo depois, ele quebrou o contato visual, olhando para mim com olhos suplicantes para não dizer mais nada. Eu inclino minha cabeça e dou outra olhada nas costas de sua mão antes de olhar para frente novamente e manter minha boca fechada.

"Isso mesmo," ela começou, sua voz baixa, mas não menos ameaçadora. "Porque vocês dois sabem, no fundo, que merecem ser punidos. Não é?" Seu sorriso se alargou novamente, claramente gostando disso.

Que doente.

E então ela nos dispensou, e eu nunca vi Harry sair de um quarto tão rápido quanto este em minha vida.

"Nós temos que deixar alguém saber o que aconteceu lá dentro. Se ela fizer isso com outros estudantes-" eu comecei assim que a porta se fechou atrás de nós. Mas Harry balançou a cabeça, começando a andar pelo corredor em um ritmo acelerado.

"Não." Eu franzi minhas sobrancelhas em sua resposta, e ele parou depois que viramos algumas esquinas. "Sinto muito, isso é tudo culpa minha. Você já passou por muito, e eu-"

"E você não?" Eu o interrompi sarcasticamente, agarrando seus ombros para que ele não tivesse escolha a não ser parar de divagar e olhar para mim. "Nada disso é culpa sua. Fui eu quem decidiu falar na aula, não foi?" Ele se mexeu desconfortavelmente, seus olhos verdes olhando para mim.

"Sim, mas-" - "Não são permitidos 'mas'."

Ele suspirou, pegando meu pulso em sua mão para dar uma olhada nas feridas. "Aquela cadela," Ele murmurou ao mesmo tempo.

Conversamos um pouco mais antes de irmos para nossa sala comunal. Respirei fundo antes de murmurar a senha da comunal, minha mão ainda doía.

Não me preocupei em cobrir as cicatrizes; era tão tarde que nem uma única alma estaria acordada agora, de qualquer maneira.