Capítulo XII

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Se você está sofrendo como eu estou

Não podemos tornar as coisas um pouco mais fáceis?

Honestamente, Sasuke sequer poderia dizer aonde se encontrava naquele momento. Seus pés se moviam ainda que quisesse simplesmente ficar sentado ao meio fio, até que aquele sentimento de dilaceração passasse.

Não que ele acreditasse que aquele pensamento fosse se concretizar algum dia.

A sensação de que garras emergiam de seu interior, enfincadas em sua carne o rasgando de dentro para fora era real demais, porque se não fosse, não estaria sentindo metade da dor que o matava aos poucos naquele momento.

No entanto com tamanha dor, permanecia em pé. Caminhando sem um destino de fato.

Os olhos não conseguiam se focar em algo em específico, seu cérebro pensando em tudo ao mesmo tempo, não o deixando permanecer em um único pensamento por muito tempo.

Então, nem ao menos se importou com a tempestade que se formava no céu sobre ele e nem mesmo quando os pingos foram ficando mais grossos até que se transformasse em uma densa chuva. As pessoas ao seu redor corriam em busca de abrigos até que a mesma cessasse, alguns corajosos armavam seu guarda-chuva e prosseguiam sem muitas preocupações, mas Sasuke simplesmente não conseguia se importar o suficiente com aquilo.

Suas roupas ensopadas já estavam pesadas em seu corpo e seu cabelo grudando sobre seu rosto.

Os trovões tinham menos intervalos agora e o céu se iluminava com frequência com os relâmpagos, mas o que era mais incômodo não eram os estrondos, e sim seu celular tocando insistentemente à cada minuto que se passava.

Sem mais nenhuma paciência, resolveu desligá-lo. Não estava com cabeça para falar naquele momento.

Guardando o aparelho de volta dentro da mochila, se deu conta do quão deplorável estava. A pele sob suas unhas das mãos, estava ferida, o sangue já estava seco e deveria estar sentindo algum tipo de dor, mas a inércia não o permitia sentir qualquer coisa que não fosse seu coração esmagando suas costelas desesperado, machucando-o internamente e o impedindo que mantivesse sua respiração de forma regular.

Inalou oxigênio, exalou dor.

Não estava conseguindo se concentrar, era uma bagunça em seu interior e em todo o exterior.

O barulho dos carros se movendo, os pneus derrapando no asfalto molhado. Pessoas correndo, rindo e conversando, tudo naquele momento parecia estar em volume máximo e câmera lenta. Os faróis dos carros atingiam sua visão, o semáforo piscava em verde e vermelho.

Deveria ter percebido, tinha aquela moça tagarelando ao telefone sob o guarda-chuva, ela era impaciente, seu corpo movia-se de um lado para o outro e ela mexia os pés mesmo que estivesse parada.

E quando ela inclinou-se para frente, seus pés a acompanharam.

Mas ela não saiu do lugar.

Sasuke saiu.

Seus pés ainda se moviam por conta própria, seu cérebro não estava funcionando.

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