Last Chance

Capítulo XV

E cada palavra é um machado, um corte nas costas

Como uma jangada que navega em um rio agitado

E talvez o rio esteja dentro dela,

E me conte suas verdades

Às palavras nos papéis já não faziam mais sentido, o cérebro de Minato já não conseguia absorver mais nada daquilo que seus olhos fitavam. As letras estavam embaralhadas e sua mente simplesmente pedia por uma trégua.

Esticou as pernas tentando aliviar a letargia na qual estava preso e buscou desviar um pouco sua atenção daquilo que não estava conseguindo encontrar solução alguma.

Suspirou derrotado quando o telefone começou a soar por todo o cômodo, o som estridente e impaciente o fazia querer jogar o objeto contra a parede.

- Alô? - Atendeu contragosto, implorando aos céus que não fosse mais assuntos de trabalho.

- Hã...- A voz exitou do outros lado da linha, causando-lhe impaciência. - Eu poderia falar com Namikaze Minato? - Pediu a voz feminina, com a insegurança pingando em cada uma de suas palavras.

- É ele. - Respondeu impaciente, detestava enrolações.

- Minato! Sou eu, Kushina. - A voz exclamou aliviada, causando uma tensão repentina sobre os ombros do loiro.

- Ah, oi Kushina. Tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

A ligação repentina da mulher que não falava com ele a dezoito anos, o preocupou. Não pôde evitar que seus pensamentos viajassem por diversos cenários horríveis, já que as únicas justificativas que encontrou para que aquele contato estivesse acontecendo, não eram nenhuma delas boa. Acabava sempre temendo o pior.

E mesmo que não estivessem mais juntos, temia que algo de ruim acontecesse com alguém que tanto amou e pela qual teria um carinho eterno

- Hã... não está tudo bem e sim aconteceu uma coisa. - A voz embargada foi capaz de esmagar seu coração, que gelou em preocupação.

- O que houve? - Inquiriu. Já não aguentando mais a ansiedade que se instalava em seu peito.

- Hã... é o Naruto. - Conseguia notar pela voz que Kushina chorava e acima de tudo estava em completo desespero. Mas não entendia o por quê daquilo, não depois de dezoito anos.

Havia sido difícil para Minato, na época, não soube reagir tão bem e se auto sabotou todos os dias.

Mikoto o encontrou em um bar de esquina, completamente embreagado e fora de si.

Naquele dia, ela tinha decidido que iria concertá-lo.

Era uma característica muito específica de sua esposa, querer ajudar não importando quem.

Só assim pôde reconstruir a própria vida e engavetar suas dores a sete chaves, ainda que em alguns momentos o monstro que era a dor da perda, conseguia ser mais forte e emergir até a superfície.

Alguns dias eram melhores que outros, mas ainda assim conseguiu sobreviver e seguir com sua vida.

Mesmo que se sentisse na maioria das vezes, incompleto. Então entendia por um lado a ligação, mas por outro lado já era um ciclo encerrado, não gostaria de reviver tudo aquilo, não quando finalmente estava aprendendo lidar com os próprios sentimentos.