O resto da manhã passou rápido. Elisa tinha pegado um livro na biblioteca, estava bastante envolvida em sua leitura sentada na sala. Antônia surgiu e foi logo perguntando:
— Senhora Elisa, lê romance?
Ela se sentou ao seu lado.
— Me chame apenas de Elisa. E sim, gosto.
Elisa analisou o título do livro em suas mãos.
Antônia concordou com um sorriso e continuou aos suspiros:
— São lindas as histórias de amor dos livros.
Elisa sentiu tanta vontade de dizer à menina que na vida real era bem diferente, porém se calou.
— Sim, são.
— Elisa, será que algum dia vou encontrar um grande amor?
Ela engasgou com a pergunta, então pode ter certeza de que a jovem se vestia como uma criança, porém já havia se tornado uma moça.
Elisa fechou o livro e o colocou em seu colo delicadamente, se virando para Antônia. Percebeu que a menina estava vermelha com a pergunta que tinha lhe feito.
— Antônia, quantos anos você tem?
A jovem achou estranho aquela pergunta, porém respondeu com naturalidade:
— Vou completar dezessete anos em breve.
Então, Elisa percebeu o quão sério era aquela situação.
— E por que ainda se veste assim, como sua irmã?
Antônia juntou as pernas tensa e colocou os braços sobre os joelhos, desconcertada.
— Minha mãe exige que eu me vista assim. Ela diz que roupas mais adultas farão com que os homens me olhem de forma inapropriada.
Elisa bufou com aquela sandice.
— E você gosta de se vestir assim?
— Não — a resposta da garota veio imediatamente e cheia de lamento.
— Essas fitas me causam coceira, e os vestidos sempre estão apertados.
— Já pensou em dizer isso à sua mãe ou com seus irmãos sobre isso?
A jovem parecia ainda mais tensa.
— Minha mãe não me ouve, sempre diz que sabe o que é o melhor para a gente. A senhora Mazé disse que é errado eu falar sobre tais assuntos aos meus irmãos, seria algo indelicado, segundo ela.
Então, Elisa apenas suspirou, mas desejava muito poder ajudá-la, só não sabia como.
As duas foram interrompidas pela chegada de Joana, que estava saltitante, ela corria e Mazé vinha logo atrás, gritando algo sobre o fato de meninas brincarem com terra ser algo selvagem.
As mãos de Joana estavam sujas.
— Essas meninas abusam quando a senhora Edna ou o senhor Manuel não estão! — reclamou Mazé.
Joana ainda sorria de forma travessa.
— Não tem mal nenhum em brincar com terra, papai sempre dizia que a natureza é revigorante.
Elisa apenas riu da esperteza da menina.
Antônia a pegou desprevenida com uma pergunta:
— Seu pai brincava com você, Elisa, meu papai sempre ficava um tempo se divertindo com a gente?
Então, uma nostalgia tomou a todas ali, Elisa se lembrou do carinho de sua família e de todas as vezes que seu pai levava ela e Joaquim ao rio para nadar.
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RAZÕES PARA NÃO TE AMAR(✅COMPLETO)
RomanceApós a morte de seus pais, Elisa foi obrigada a se casar para pagar uma dívida com os Valença. O então marido, Manuel, não consegue disfarçar nem um pouco seu asco por ela e nem por qualquer outra mulher, tratando-a mal, de forma violenta e agressi...