A brisa da noite dispersa a fumaça que sai do meu cigarro, trazendo consigo o cheiro de poluição da velha Arca, aqui nas vielas esse cheiro se mistura tanto com os lixos empilhados nas ruas como o dos esgotos, um odor infernal devo dizer, noto uma movimentação vindo em minha direção, como estou encostando em uma parede que se encontra os fundos da HEVEN (um pub que ficava na periferia de Arca) estou bem de frente com a porta de saída, a qual se abre revelando 3 morcegos empurrando uma comum para fora:
— Ei sua vadiazinha se você der um pio o meu amigo aqui vai amaçar a sua cara contra o chão. Disse um dos morcegos (são chamados de morcegos todas as pessoas marginais que não seguem as regras do conselho, e por não tomarem a dose diária da vacina Crepúsculo seus hábitos são mais durante a noite) de cabelos verdes apontando para seu amigo o mesmo tinha por volta de 2 metros de altura era careca sua cara expressava um sorriso pervertido o que ficava ainda mais feio por conta da sua cara pintada de branco (marca registrada de todos os morcegos)
— Ei você de o fora daqui se não quiser ser fodido também! O outro morcego de cabelo roxo lançou em minha direção.
Dou mais uma tragada em meu cigarro, antes de soltar a fumaça dou mais uma olhada no ambiente, na minha esquerda tinha outra parede o que significava sem nenhuma saída, já a minha direita, conectado mais à frente com a parede em que Eu estava havia um pequeno portão de grades cinza, solto a fumaça parando por segundo para sentir á sensação de êxtase que adoro, penetrar meu corpo, enquanto meu cérebro processa a nicotina que começa a fazer efeito, olho para a comum no meio dos três morcegos com lágrimas no rosto, uma raiva tenebrosa toma conta do meu ser, memórias que não gosto de lembrar invadem a minha cabeça:
— É, rapazes hoje realmente não foi o dia de sorte de vocês... — antes de terminar de falar jogo a minha bituca de cigarro na cara do morcego mais alto, ele se assusta por resvalar em seus olhos, aproveito isso para puxar a garota para a parede em que estava, e tomo o lugar dela, no meio dos três morcegos o mais Alto após se recuperar do susto, esticas seus braços em direção ao meu pescoço, o qual permito que ele toque, para que com eles esticados dou um soco com ambas as mãos de baixo para cima em direção aos seus cotovelos, ouço o estalar dos braços sendo quebrados, o alto geme em agonia, mas ainda não termino dou um chute lateral em seu joelho na parte externa removo sua rótula do lugar, isso faz com que o Alto fique de joelhos, momento o qual aproveito para dar uma joelhada em seu maxilar quebrando sua mandíbula a empurrando para dentro do seu crânio.
— Seu grito de agonia me incomoda seu porco maldito. Cuspo olhando para os dois morcegos que sobraram ainda paralisados, pois apesar da série de movimentos não se passaram nem 30 segundos para isso acontecer.
— Lamento dizer, mas a culpa é de vocês por me fazer lembrar de memórias detestáveis — pego no cabelo roxo e o bato contra a parede repetidas vezes até uma pasta de sangue estar em minhas mãos, vejo o morcego de cabelo verde de joelhos no chão implorando por sua vida, vendo isso ascendo meu cigarro me aproximando do morcego, dou uma tragada no meu cigarro e olho para cima a lua estava realmente muito bela essa noite, levanto minha perna para cima, e como se fosse a porra de uma guilhotina acerto a cabeça do morcego a arrebentando no chão com a sola do meu sapato. Reparo que a comum que empurrei para dentro da porta ainda estava lá me observando de joelhos
— Pense muito bem antes de andar nessas vielas a noite menina, agora de o fora antes que outros te encontrem e façam com você o que esses aqui gostariam de ter feito. Ainda com o cigarro aceso dou mais um tragada e solto a fumaça olhando para cima, e saio em direção ao portão, a noite realmente estava linda hoje.A Igreja do Amanhã era um edifício branco que ficava na zona sul da Arca (antiga cidade de São Paulo) bem no centro das vielas, sendo um posicionamento estratégico e que servia muito bem para a missão dos Missionários do Sol que pregava a caridade e a ajuda social, esse edifício era utilizado não somente para as pregações sobre o Sol como era um centro de treinamento para pessoas que desejam se tornar Acólitos do Sol, possuindo dormitórios para todos os jovens que queriam ser seus alunos ou como eram chamados de Iniciados.
Esse era meu lar, o saguão principal mesmo na madrugada estava sempre movimentado, com adolescentes estudando para suas provas de Iniciação, nas 3 grandes fileiras de mesas que ficavam ao lado direito do saguão, já do lado esquerdo era reservado para a entrada do auditório de pregações sobre o Sol, o Grande lustre no centro iluminava o desenho de um mapa antigo de astronomia o qual mostrava o sistema solar sendo o Sol o centro de tudo, logo à frente um elevador que levava para os andares dos dormitórios, entretanto sou parado logo na entrada, por um homem trajado com as vestimentas características dos Missionários do Sol, batina branca com um círculo dourado no centro, que apesar de ter somente 25 anos, aparentava ter ao menos 40 anos devido a sua falta de cabelo na parte de cima da cabeça, e por sempre andar com óculos fundos de garrafa:
— Lucian por onde estava você sabe que o toque para recolher é as 11 pm. Para os não iniciados. Disse o Acólito Tomás encarregado do turno das 02 da manhã.
— Estava fazendo uma pesquisa de campo na redondeza sobre o extermínio de pragas...
— E esse cheiro forte de cigarro, eu já te falei você precisa parar com isso falta apenas 2 dias para sua iniciação o Mestre Baggio espera muito de você, mas ande logo para seu quarto às 7 am. Temos aula sobre mitologia.
— Vou parar, vou parar, até mais Acólito que o Sol seja seu caminho!
— E para sempre ele será! Disse Tomás me vendo dar as costas e atravessar o saguão assoviando, ao chegar no elevador preciso mostrar minhas credenciais para subir, andar 22, ao chegar no meu quarto encontro Jonas, meu colega de quarto babando na cama, aproveito a oportunidade para sair na varanda e ascender um cigarro.
Arca realmente é bela quando se vista de cima.
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FILHOS DO SOL - Apocalipse
PertualanganEm um mundo pós apocalíptico, onde mais da metade da população mundial foi aniquilada por uma onda solar a que ficou conhecida como Apocalipse, existem seres mutantes conhecidos como Filho do Sol os quais são calçados, pela nova ordem que governa e...