Eccentric - Amor Doce - Castiel

Amor

Com dificuldade, consegui chegar ao clube de jardinagem e sentei em um dos vários bancos vagos, a noite estava bem fria e o meu vestido com tecido leve e sem mangas não colabora em nada, eu não sabia se tremia de frio ou nervoso, eu tentava normalizar a respiração e me acalmar, enquanto esfregava os braços, para me esquentar.

- Veste isso... - Castiel tirou a jaqueta de couro que usava e me entregou.

- Você não precisava vir atrás de mim, eu estou bem sozinha. - Falei com dificuldade, por causa da tremedeira.

- Estou vendo como você está bem sozinha! 

- Se você está vendo, pode me deixar!

- Foi ironia, Lynn, é óbvio que você não está bem! Só veste a jaqueta, logo, por favor, Lynn. - Castiel pediu impaciente, eu assenti desanimada e fiz como ele queria.

- Não é justo você ficar com frio por minha causa. - Resmunguei ainda tremendo.

- Não estou com frio... - Castiel respondeu seco. - Tenta se acalmar logo e volta para a quadra, lá dentro está aquecido e os seus avós estão preocupados com você.

- Por que você está me tratando assim? - Perguntei chateada.

- Assim como?

- Com frieza. - Respondi desanimada, em um tom bem baixo.

- Não é proposital, desculpa... Eu só estou irritado com a nossa situação e comigo mesmo, você não me quer aqui e mesmo assim estou feito um idiota, tentando te ajudar, porque simplesmente não consigo ser como eu sempre fui e deixar para lá. - Castiel desabafou em um misto de irritação e pesar.

Eu fiquei muda e encarei o chão, Castiel me envolveu em seus braços e ficou esfregando suas mãos nas minhas, até eu esquentar e parar de tremer. Eu queria abraçá-lo e pedir para ficarmos bem, mas me contive, eu já nem me importava mais com os vídeos, as atitudes dele pareciam gritar para mim que ele estava sendo sincero comigo, mas pensar que eu só fazia mal para ele me fez querer desistir definitivamente do nosso namoro.

- Eu só trago drama para a sua vida e faço você se forçar a ser quem não é... Não entendo por que você continua insistindo em nós dois. - Desabafei controlando o choro.

- Porque EU TE AMO! - Castiel afirmou nervoso e quase gritando, eu o encarei assustada e me afastei um pouco. - Você sabe o que significa isso? Você entende o que é para mim ter coragem de dizer isso para alguém? - Ele questionou transtornado, tentando controlar o tom de voz alto.

- N-não, eu não sei. - Respondi em um misto de confusão e tristeza.

"Eu te amo", essa expressão não fazia sentido para mim, em todo lugar fica implícito que as mães sempre amam os filhos, mas a minha nunca disse que me amava e deixava bem claro que a última coisa que sentia por mim era amor. As raras vezes que eu tinha ouvido essa frase, fôra do meu pai e do meu irmão, o que me deixava ainda mais confusa, eles diziam me amar, mas meu pai não me protegia da minha mãe e muitas vezes me tratou com agressividade e meu irmão dizia me amar, mas desistiu da vida e me deixou sozinha. Já os meus avós e tios não tinham o hábito de falar isso, mas sempre me tratavam com carinho e cuidado... O que tinha de tão importante nessa frase? Não só a frase, o sentimento também era conflitante para mim, o que eu sentia pelos meus avós, tios e até por alguns amigos, era mais forte do que eu sentia pelas outras pessoas e na minha cabeça isso era amor, mas gostar deles era fácil, como não amar quem me trata tão bem? Será que amar é gostar mesmo quando a pessoa não merece? Apesar de tudo, eu continuava querendo o meu pai bem, eu sentia falta dele e apesar de bem no fundo eu sentir raiva do Daniel, por ele ter desistido, eu seria capaz de trocar minha vida para ter a dele de volta, o que eu sentia por eles também era amor? Então por que doía tanto sentir isso? Amar é gostar da pessoa apesar dos defeitos? É colocar o bem estar de quem eu gostava acima dos meus próprios sentimentos? É me sentir incompleta sem a pessoa querida? Se tudo isso era amar, então certamente eu amava o Castiel.