- Canta "Greenleeves", Lynn! - Castiel sugeriu sorridente. - Se quiser, eu fico do seu lado. - Ele completou pegando a minha mão.
Eu fitei os outros alunos e a professora e vi que todos me encaravam com expressões gentis e amigáveis, mesmo assim, eu não conseguia reagir e sentia o pânico chegar.
- Lynn, você não precisa se apresentar, se não quiser... Foi só uma sugestão da professora. - Lysandre falou calmo e Anette concordou.
Eu queria muito ser forte e agir como as outras pessoas, mas o meu medo, como sempre, foi mais forte do que eu, tudo parecia me incomodar, as luzes, os cheiros e o mínimo som do ambiente, até a respiração das pessoas soava agressiva aos meus ouvidos e os meus pensamentos, todos sobre como eu poderia ser ridicularizada, eram tão acelerados que até pareciam raios. O pânico e a ansiedade me dominaram e eu sai correndo da sala, após me afastar um pouco, eu me ajoelhei no corredor e comecei a respirar fundo, Lysandre e Castiel vieram logo atrás de mim e tentavam conversar comigo, mas eu não conseguia responder, a minha voz não saía e eu sentia que estava ficando sem ar, então fui respirando cada vez mais forte, tentando puxar o ar que me sobrava.
- Lynn, por favor, vem comigo... - Castiel pediu delicadamente e estendeu a mão para mim.
- Deixa ela respirar! - Lysandre ordenou preocupado.
- Confia em mim, vou te levar para um lugar mais tranquilo e você poderá respirar melhor! - Castiel garantiu tranquilamente, ignorando o pedido do meu tio, e ainda estendendo a mão para mim.
Apesar do incomodo, eu peguei a mão dele e deixei ele me guiar, Lysandre tentou nos seguir, mas o ruivo pediu educadamente para que ele confiasse e nos deixasse a sós, meu tio demonstrou não gostar muito, mas acabou concordando. Castiel me levou até o fim do corredor, abriu uma portinha com uma chave que guardava no bolso e me subiu por uma escada apertada, que dava para uma sacada na cobertura da escola.
- Feche os olhos e sinta o vento, sem pensar em mais nada... Vai te ajudar a respirar melhor. - Castiel sugeriu em tom suave, me levando até perto da borda.
Eu soltei a mão do ruivo, cruzei os braços, em busca de confiança, e fiz o que ele sugeriu, senti a brisa leve e fria batendo em meu rosto e tentei limpar os meus pensamentos, aos poucos, eu sentia o ar, que fôra roubado pelo meu pavor, voltando aos meus pulmões. Fiquei assim por um tempo, respirando profundamente e de olhos fechados, eu não conseguia controlar os movimentos das minhas pernas e braços, mas também não fiz muita questão de brecá-los, já que os mesmos também me acalmavam. Castiel tocou os meus braços lentamente e com muita delicadeza, mesmo assim, eu me assustei e dei uma leve recuada.
- Não se assuste, eu só quero te dar apoio... - Ele falou calmo e acariciou o meu braço com delicadeza. - Não sei quem te machucou tanto, mas eu não farei o mesmo, confia em mim e confie em si mesma... Lá embaixo só tem pessoas boas e ninguém pretende te julgar, não deixa seu medo te derrotar, volta para aquela sala e mostre a sua capacidade! Use a música para aliviar o que você sente. - Castiel me consolava amigavelmente, mantendo um tom de voz sereno, enquanto corria os dedos pelo meu braço e mesmo eu ainda me incomodando com o toque, sentia seu calor aconchegante me acalmar aos poucos.
- Você tem razão, eu quero tentar... - Virei para ele com um sorriso de alívio e ele sorriu de volta.
Descemos para a sala de música de mãos dadas, a professora e os alunos continuavam sorridentes e receptivos e não fizeram perguntas, o que me deixou aliviada e me incentivou a continuar ali.
- Desculpem, eu fiquei um pouco ansiosa e perdi o ar... Ainda posso cantar? - Pedi timidamente.
- Claro que pode, estamos animados para te ouvir! - A professora respondeu em tom gentil.
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Eccentric - Amor Doce - Castiel
FanfictionO mundo pode ser um lugar assustador, para quem nasce fora da "curva de normalidade", imposta pela sociedade, e a mente pode ser uma prisão, para aqueles que pensam diferente da maioria das pessoas, mas o amor, principalmente o próprio, pode mudar u...