Tentativas
Annabelle PereiraTentou, errou. Tentou, errou.
Tentou, errou... Parou de tentar, acertouLevanto meu rosto do travesseiro, meus olhos parecem carregar toneladas de cimento “ tôh, tôh, tôh...” oiço mais uma vez. Quem será esse demônio, que bate na porta das pessoas a essa hora? Ainda mais quando essa pessoa só conseguiu pregar o olho a pouco! Levantei-me porque o demónio não parecia cair no meu truque de fique calada que ele se manda. Calcei meus chinelos e resmungando fui até a porta — Quem é? Perguntei de modo grosseiro — Ah, graças a Deus. Revirei os olhos para o tom preocupado, abri a porta para Pepe que entrou feito um furacão — Caramba! Belle, será que VC não podia me ligar e avisar que chegou bem ou pelo menos atender minhas ligações? — Por favor, não grita. — QUE SÊ TA DIZENDO?! — Gritou — Pepe... Gemi frustrada. — VC não atendeu nenhuma das minhas ligações! — Foi mal, desculpe.
— Não desculpo nada! Revirei mais uma vez meus olhos e fui me sentar no sofá enquanto ele tagarelava um irritante monólogo a respeito de como eu sou chata e sua preocupação. Tentei manter os olhos abertos mas estavam pesados de mais e me vi sonegando — está dormindo?! Me assustei com ele bem perto, a sentimentos do meus rosto — VC está orrivel.
Disse se afastando de mim — não é como se eu tivesse tido um sono de beleza igual ao seu. Rebato — sono de beleza? Eu não dormi nada, fiquei a noite toda tentando te ligar, esperando que VC ligasse — Dessa vez não desprezei suas palavras — desculpe, não tive cabeça para nada, foram tantas coisas que quando cheguei só quis fechar os olhos. Ele franziu o cenho — o que houve? VC encontrou o celular e teve de brigar com alguém por ele? Fiz uma careta— o celular foi meu menor problema ontem... — está começando a me assustar, — disse vindo se sentar comigo — foi uma noite digna de um filme de horror, nunca mais deixo VC me convencer a ir pro cinema. — desembucha logo! Suspirei — só de lembrar eu fico toda arrepiada, óh — mostro meu braço eriçado a ele — Depois de vós deixar eu voltei lá para tentar falar com alguém mas me disseram que não podiam me deixar entrar, que era para ir hoje sedo. Sai de lá e no caminho para o ônibus um pequeno aglomerado de gente chamou minha atenção. Estou desde ontem me arrependendo de ter ido ver o que acontecia lá. Uma mulher, aparentemente uma doente mental, segurava um menino e não queria soltar de geito nenhum, quanto mais as pessoas se aproximavam mais ela apertava o garoto e se afastava, até que... Até que tropeçou caindo na estrada antes de ser arremessada junto ao garoto por um caminhão que os jogou a milhas de onde estavamos... Meus olhos se encheram de lágrimas ao rever as imagens marcadas na minha alma, ao imaginar os sentimentos dos entequeridos daquelas duas pessoas — ei... Pepe me puxou para um abraço — tudo bem, não precisa mais falar — fiz que sim com a cabeça enquanto as lágrimas me consumiam. Depois de algum tempo, me acalmei e me afastei — Preciso ir trabalhar e VC precisa avisar a sua amiga para ir ter com os funcionários do cinema agora. Ele acena — tá. Diz mas não se move — Pepe! — Ok, se vai ficar bem? Olho para ele não entendendo — claro, digo mas não parece convencido
— eu vou ficar bem, só preciso de um banho e do meu trabalho para esfriar a cabeça. Digo me levantando — tudo bem, vou ligar para casa da Sabrina e depois vou a escola — fala se levantando também — Qualquer coisa me liga, tá? — Ei, para com isso. Aponto para ele constrangida, detesto que se ache tão adulto quanto eu, é uma criança, só tem quinze, e o facto de ser mais alto ou ter mais corpo que eu não lhe dá o direito de se comportar como meu irmão mais velho em alguns momentos. Ele sorri — eu me preocupo com VC. Diz e consegue arrancar um sorriso bobo de mim — vá embora! Mando e ele sai rindo. Tomo um banho e me arrumo para o trabalho, não importa a noite ou o dia de merda que VC tem, precisa entender que suas responsabilidades não param para esperar VC se sentir melhor. No meu caso, meu chefe não admite que eu falte sem consultar uns três dias antes. Com ele não existem imprevistos ou doenças, somos só máquinas de trabalhar. Pego meu celular discando um número quando a imagem de um homem gigante e sujo surge em minha mente « — Alô... — oi, Cristina? É a Annabelle. — Oh, Belle querida, tudo bem? Como VC está?
Sorrio porque seu tom de voz não demonstra uma simples cordialidade, demonstra que ela se preocupa — bem, e VC? A ONG? — Eu estou bem, quanto a ONG, VC sabe como é, sempre a procura de mais doadores, a espera de mais doações. Suspiro porque sei exatamente do que ela fala, já trabalhei com eles em muitas campanhas de sensibilização
— mas por mais apertados que fiquemos, nunca ficamos desamparados, Deus é quem dirige nosso barco. Mas me diga, querida, do que precisa? — Sou tão óbvia assim? — Com certeza! VC não é muito de ligar para as pessoas — diz sincera — ok, não vou nem discutir. Rimos. — Será que teria como você me colocar na distribuição de marmitas de hoje — Ãh... Bom, claro. Mas VC não fica muito ocupada nos dias de semana? — Bom... É, mas eu dou um geito, preciso mesmo me envolver hoje — tudo bem, uma mãozinha é sempre bem vinda. — Obrigada, e até logo» Encerro a ligação e sorrio, espero que ele apareça hoje lá, já que nunca o vi na área onde costumo ficar ou aos fins de semana.
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Am❤️r Ou LouCura?
RomansaSinopse Ele se encontrava no pináculo do mundo, era adimirado, idolatrado e imitado... Tinha tudo que se podia desejar, amor, sucesso, poder e domínio, mas como dizem," o que é bom dura pouco." O homem antes lúcido e dono de suas vontades se vê de j...