3 - Número 7

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P. O. V. Simon

O som do despertador invade a minha cabeça de uma maneira que eu não consigo explicar

Hoje é o famoso "bom dia o caralho"

São 10 pras 7 e eu começo a me arrumar, pretendo chegar na faculdade por volta de 7:40,então levanto e começo a minha rotina básica

Lavo o rosto, faço a barba, escovo os dentes, passo desodorante e vou escolher minha roupa. Coloco uma calça bege, combinando com o casaco, e uma blusa branca em baixo de tudo. Nos pés, um tênis liso branco. Nada tão formal, nem tão despojado

Volto para o banheiro e ajeito meus cachos de uma forma que fiquem mais definidos e menos volumosos

O relógio, uma correntinha fina e o perfume são o toque final

Pego meus documentos, termos e a papelada toda e desço para a área do café. Sem querer me atrasar, pego apenas um café para viagem. Na entrada, disputo por um taxi para me levar até lá e faço uma nota mental de que preciso arrumar logo um carro para mim. Se meu pai quer que eu fique aqui, vai ser do meu jeito

Cerca de 15 minutos depois, ele me deixa na porta da universidade. Pago a viagem e desço, tendo um arrepio na espinha ao ver aquele prédio gigantesco

Vou em direção a entrada e, chegando na recepção, me identifico para iniciar o processo. A recepcionista busca meu nome e logo me dá uma ficha para preencher, e pede para eu aguardar um instante. Logo, ela me chama e avisa que me levaria na sala do reitor

E assim se foi a minha manhã

Assinando papéis, termos e outras coisas, ouvindo regras, sendo situado e recebendo o cronograma que me ocuparia nesse ano

Basicamente, eu assistiria a aulas, ajudaria nos hospitais e faria provas e mais provas

Da pra ver que eu estou "saltitando de alegria"

No almoço, conheço um pouco mais da área comum dos estudantes. Tantas pessoas ali, todas tão diferentes, mas uma coisa em comum - a medicina

Eu me sentia mais deslocado do que tudo aqui

Independente disso, faço minha refeição normalmente e vou procurar informações sobre a sala onde eu deveria estar agora. Esse lugar é realmente muito grande

Depois de voltas e voltas, chego na sala para as instruções e nossa, aquele lugar só tinha pessoas brancas. Apenas uma observação

Sento em um lugar mais no canto da sala e espero o instrutor enquanto mexo no celular. Mesmo focado na tela, era impossível não reparar alguns olhares acompanhados de breves comentários, que logo foram cessados pela presença do reitor e da instrutora

Eles deram alguns avisos, algo sobre as aulas e o hospital, depois o reitor saiu e a instrutora dividiu os grupos em cada hospital

Sem expectativas, me junto ao meu grupo e me apresento, com a voz mais firme o possível

- Boa tarde, prazer, sou Simon Eriksson, estou no sétimo período de medicina e...

- Um latino-americano? Jura? - um dos garotos diz com desdém na voz

- Pelo sotaque ridículo, aposto que é brasileiro - diz o outro rindo

- Calados seus idiotas - uma mulher diz, e então se volta pra mim - onde você estuda?

- Na USP, em São Paulo, entrei no programa de intercâmbio por um ano

- Bem vindo cara, vamos te mostrar que aqui não tem só pessoas imbecis - o último diz olhando para os dois primeiros, sem disfarçar - Me chamo Ayub, essa é Rosh, também estamos no sétimo período! Aliás, com esses dois vc não precisa se preocupar, eles são frouxos que só... - ele diz essa última parte mais baixo

Writing my (love) story Onde histórias criam vida. Descubra agora