11 - Euforia

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    P. O. V.  Simon
   
    Noite a dentro, ainda estamos no bar

    O ambiente estava tumultuado, pessoas cantavam no karaokê, se amontoavam para pegar bebidas e cambaleavam por ai

    Por sorte, Marcus não tinha mais chegado em mim, mas ele me encarava a noite toda, dava pra sentir como se seu olhar cutucasse a espinha. No momento (amém aleluia) ele não estava aqui, devia estar usando mais alguém

    Não sei se é coisa da minha cabeça, mas parece que Wilhelm não gostou muito do que aconteceu. Não conversamos mais a noite toda, ele ia e vinha rapidamente por trás da bancada, quando parava para ouvir algum pedido ou entregar alguma bebida, parecia estar na lua, sua respiração estava descompassada, parecia estar ansioso

    Rosh e Ayub já estavam alegres, ainda sentados no mesmo local comigo. Esses dois são uma companhia e tanto

    Meu olhar acompanha Wilhelm de um lado para o outro me deixando tonto só de olhar a maneira como ele se movimenta. Parecia que ele tinha fumado pra caralho, estava acelerado

    Por um segundo, ele para e escora as mãos na bancada da parede. Agora, sua respiração estava pesada, forte, seu peito expandia e retraía de forma espantosa. Ele coloca uma das mãos na cabeça e fecha os olhos por um instante, ficando assim. Penso em perguntar se ele estava bem, aliás, ninguém estava vendo ou reparando nisso. Mas ele estava longe, não me ouviria daqui. Em um movimento breve, ele desescora do balcão e, com passos rápidos, vai em direção a uma porta, apertando as mãos como se quisesse tirar elas do corpo

    Quando ele passa por mim em menos de meio segundo, sem olhar para trás, nem para o lado, na verdade, pra lugar algum, percebo as lágrimas em seu rosto e imediatamente penso

    Crise de ansiedade

    Merda

    Ele entra no local e se escora novamente, parecia fraco, perdido. Decido me levantar e ir até lá, falo alguma coisa bem nada a ver para Rosh e Ayub, para que eu pudesse ir sem me preocupar, e os dois assentem e continuam bebendo e conversando

    Olho de novo para onde Wilhelm estava e sou tomado pelo desespero. Seu corpo havia ficado mole, muito mole e, então ele cai no chão. Ele desmaiou

    Merda merda merda

    Passo pela multidão bêbada e entro atrás do balcão correndo discretamente, ou nem tanto, até onde ele estava e, chegando lá, fecho a porta para abafar o barulho todo. Ele estava caído no chão, com a cabeça pra baixo e inconsciente

    Lembro dos procedimentos no meu curso para casos de desmaio e começo a seguir os passos            

    — Ei Wilhelm, está tudo bem! Estou aqui com você

    Obviamente, ele não responde, mas continuo a conversar, pois a comunicação é importante nesses momentos

    Viro ele de barriga para cima com cuidado e quando olho para sua cabeça, havia sangue escorrendo do lado direito de sua testa, então procuro algo para conter o sangramento. Não achando nada muito adequado, tiro minha blusa — que no momento era o menos pior— e pressiono, por algum tempo, o lado do avesso do tecido no local de onde o sangue vinha

    — Eu estou aqui, Wille, eu vou te ajudar

    Seu semblante estava sério, diferente do meu agora. Preocupado pra caralho

    Sem tirar a mão de sua cabeça, a frouxo seu avental e levanto as suas pernas, para que ele ficasse consciente mais rápido

    — Oi Wilhelm, sou eu, Simon! Estou aqui para te ajudar

Writing my (love) story Onde histórias criam vida. Descubra agora