Começou quando um raio caiu ao meu lado.
O dia estava cinza, pálido em comparação aos mais comuns dias ensolarados. Mas esse não era o caso hoje, a estrela sumindo e dando espaço para a chuva durante as horas em que geralmente ela cruzava o céu.
Não era um incômodo para mim, é claro, somente mais um dia chuvoso ao acordar. O problema sempre ficava centrado na parte chata da chuva: umidade e lugares lotados. Todos fugiam do molhado, afinal, e isso não era novidade para ninguém. O que eu não esperava, entretanto, era a chuva vir acompanhada. Carregando consigo clarões que cortavam o céu impiedosamente.
Era uma dança bela e assustadora ao mesmo tempo. Lembrava de como a natureza podia ser destruidora quando queria. E parecia que hoje ela havia resolvido querer ser bastante destrutiva.
Observei a chuva e seus raios por alguns poucos minutos enquanto comia e contemplava o tempo através da janela de minha sala. O apartamento num andar elevado ajudando a excluir a maior parte da paisagem urbana e deixando o céu para ser admirado. Ou como hoje, no caso, temido.
Estaria alagado lá embaixo? Seria seguro sair com tantos raios dançando até o chão? Estaria a natureza pedindo um descanso ao tentar impedir uma cidade movimentada de seguir com sua costumeira rotina?
Pensava nisso tudo quando o som de um raio próximo me retirou dos devaneios, o ressoar alto e aquela clarão característico tomando-me em susto pela proximidade. Não tinha invadido o apartamento, é claro, mas a proximidade com o prédio deixou a sensação de que havia sido ao meu lado a descarga elétrica.
Ao menos na próxima reunião de moradores ninguém poderia reclamar do para raios, ele havia sido testado hoje sem sombra de dúvidas!
Com esse raio tão próximo, entretanto, voltei à realidade. Minha mente lembrando que tomava café justamente em preparo pra sair de casa e era isso que eu faria em seguida, após terminar de me arrumar.
Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, certo? E eles já tinham dançado pelo meu caminho inteiro até o trabalho, então parecia que estava tudo bem. Apesar dos clarões excessivos e da barulheira incessante, aquele dia cinzento dava a entender que seria sem grandes eventos para mim.
Restava esperar que nenhum raio tentasse se aventurar a me atingir enquanto andava pelos lugares já assolados por outras descargas.Era, afinal, uma questão de acreditar nos relatos sobre raios e seguir firme nessa crença.
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Um desafio de escrita perdido pelo tempo e espaço
RandomUma coleção de pequenas histórias não relacionadas dentro de temas de desafios diários que era pra eu ter completado, sei lá, em 2019 e não deu, então cá estou passando a limpo pra ver se encontro ânimo em algum canto perdido em mim pra continuar a...