Estático. Era assim que tudo era em mim. Parado e sem vida. Somente a tranquilidade absurda da morte. O silêncio agoniante da solidão. E a infinitude de possibilidades tiradas de mim.
Antes não era assim. Outrora tudo em mim vibrava. Havia vida em todos os cantos e as cores eram tantas que me cegavam, o brilho das coisas reverberando em mim a cada ondulação que os seres faziam. Meus entornos não conheciam calmaria e até os momentos mais sombrios eram acompanhados de calor e aconchego depois.
Tudo mudou quando o fim chegou. Tanta gritaria, tanto medo, tanta destruição. O caos foi instaurado sem nem bater na porta antes. Veio como uma lufada de vento abusada e tirou tudo de mim. Meu interior morreu junto dos arredores, a vida tomada em todos os cantos.
Os que conseguiram fugir o fizeram, mas não sei se tiveram sucesso. Pelo que posso ver nada prevaleceu perante o caos. Nada nunca sobrevive diante da fragilidade da natureza perante as guerras.
Porém tudo parou e o silêncio veio. Mortificante e eterno. Não era a tranquilidade de antes, era a falta de vida.
É o que dizem: depois da tempestade vem a calmaria. Agora estou calmo. Tranquilo em meu vazio. Vazio em minha solidão. Solitário em meio às morte. Morto assim como todos.
Mas ainda penso e ainda sinto, pois somente tiraram de mim aquilo que me dava movimento. Minha água secou e agora sou somente um buraco. Vazio e sem esperança. Ninguém nunca mais voltou após o dia do caos e nem acho que vá voltar.
Quem tentaria resgatar um lago seco, afinal? Ao menos agora estou tranquilo. Estático em meu vazio.
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Um desafio de escrita perdido pelo tempo e espaço
AcakUma coleção de pequenas histórias não relacionadas dentro de temas de desafios diários que era pra eu ter completado, sei lá, em 2019 e não deu, então cá estou passando a limpo pra ver se encontro ânimo em algum canto perdido em mim pra continuar a...