Sabe as Heathers? Pois é, ela não tinha nada a ver com Veronica Sawyer. Bom, isso é, até quando chegou na escola naquela manhã.
Tá, talvez ela tivesse algo em comum com a quase Heather de azul.
Era um pouco excluída e detestava aqueles que estavam sempre no centro das atenções.
Também era, claro, levemente vingativa, ou ao menos se dizia tal. E tinha um senso de humor no mínimo fora do convencional. Isso ficou ainda mais óbvio quando a notícia chegou até si.
A Heather do colégio, a garota mais popular, soberba, insuportável, rainha de qualquer problemática possível e que certamente ofendia pelo menos umas cinco minorias somente em seu café da manhã, pois bem, aquela grandessíssima vadia estava morta.Um sorriso nada educado, porém devidamente bem vindo, cresceu devagar no rosto dela.
Não, vangloriar-se com mortes nunca tinha sido algo que almejou, ou sequer tinha cogitado qualquer vez na vida achar prazeroso. Mas nesse caso, pois bem, não podia negar uma pontada de satisfação diante do que ouvia.
Era simples assim. Erika estava onde ninguém mais seria incomodado por si e algo nela a dizia que podia finalmente andar pelo colégio em paz. As flores pareciam mais coloridas. Os pássaros cantavam abobados. O mundo tinha um ar diferente num geral. Deveria ser menos radiação por segundo, pensou, ao se tratar de um ambiente onde aquela vadia não podia mais acabar com tudo.
Para Mônica o mundo parecia renovado e assim, daquela forma, tudo inspirava uma leveza que antes ela não tinha experimentado. Até mesmo o temor de ter retirado uma vida parecia extremamente distante. O que noutro dia havia sido um medo agora quase soava como uma esperança. E talvez fosse mesmo, afinal, pois ali estava sua chance de quebrar com aquela cadeia terrível de fama e preferências na escola. Ela não ligava pra popularidade, mas certamente era prazeroso poder pensar que teria um pouco de liberdade pra variar. Liberdade em não precisar sair do seu próprio caminho pra dar passagem para outros. Liberdade em não ter mais que perder parte de suas economias pela mesquinharia dos famosos populares. Ou mais, pois liberdade agora significava ter um nome como outro qualquer sem medo de algo como um apelido ingrato jogado em si.
Ela pensava, ao menos, que finalmente deixaria de ser um alvo. De piadas. De gracinhas. De importunos. Nada mais disso agora que Erika havia sido limpada daquela escola nojenta. Sim, nojenta, definitivamente um local intragável. Mas seria seu agora. E ela estava pronta pra aproveitar. Popularidade? Regalias? Não. Preferia viver às sombras, ciente do que fizera e do que podia fazer.
O mundo estava livre de uma Heather maldita e Mônica estava ali pronta pra acabar com todas elas se precisasse. J.D. podia ser o que tinha vontade de explodir tudo na história, mas ela não passava longe de tal, afinal.
Era por isso, aliás, que se identificava menos com Veronica do que poderia. Gostava de explosões e não hesitaria em causar tal pelo seu bel prazer.
Dava pra misturar um pouco de cada personagem pra justificar seus atos, certo? Se alguém reclamasse, ela sabia, diria que foi tudo uma influência indevida da mídia. Se servia com jogos, então por que não filmes? Adolescentes são extremamente influenciáveis e a pobre Mônica certamente tinha muito do cérebro derretido por tal.
Uma piromaníaca pode ser inocente até que se prove o contrário no fim das contas. E ela o faria tranquilamente. Sempre assim até que a última vadia escrota caísse. Nenhum reinado seria melhor que o seu. Nada poderia sobreviver diante da sua batalha com fogo e cinzas.
Ninguém era maior do que ela e sua forçada queda.
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Um desafio de escrita perdido pelo tempo e espaço
De TodoUma coleção de pequenas histórias não relacionadas dentro de temas de desafios diários que era pra eu ter completado, sei lá, em 2019 e não deu, então cá estou passando a limpo pra ver se encontro ânimo em algum canto perdido em mim pra continuar a...