9. affection

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C H A P T E R N I N E

O auditório estava infestado de universitários famintos por sua dose matinal de literatura, mas ainda não havia nenhum mísero sinal dela

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O auditório estava infestado de universitários famintos por sua dose matinal de literatura, mas ainda não havia nenhum mísero sinal dela.

Harry já estava ficando impaciente, para não admitir a si mesmo de que estava, na realidade, preocupado. O ponteiro do seu relógio Cartier apontava para às 07:10, o que significava que ele havia perdido 10 minutos de sua aula para esperá-la. E ele jamais ousou fazer isso por nenhum outro estudante antes. Apesar dos raros contratempos que sofreu, Savannah nunca foi de se atrasar para suas aulas, especialmente as que Harry lecionava. O professor estava acostumado com o comportamento exemplar da jovem e via-se sempre satisfeito quando adentrava a sala e ela já estava acomodada na primeira fileira, em seu lugar de sempre. Não tê-la ali provocou um enorme desapontamento em seu peito e ele começou a cogitar cenários piores.

Atlas Connor estava sentado em sua cadeira de mogno, lendo uma obra prima do infame autor Charles Darwin. Era a primeira edição de "A teoria da evolução", Harry reconheceu o livro de longe e usou aquele detalhe para obter informações.

— Excelente escolha, Mr. Connor — O professor se aproximou do aluno, que foi tomado por uma expressão de surpresa — Perdi a conta de quantas vezes li esse livro em meu tempo de graduação.

— Obrigado, senhor. Estou me aprofundando em novos gêneros — admitiu, portando uma postura séria, porém educada.

— Está guardando esse lugar para alguém? — Mudando o assunto repentinamente, Harry apontou com o olhar para a cadeira vazia ao lado do jovem.

— Bem, esse é o lugar da Mrs. Blossom, como o senhor bem sabe, mas ela não se fará presente essa manhã — Atlas ajeitou a gola do seu suéter preto, repousando o livro no colo — Savannah não amanheceu muito bem. Aparentemente está gripada — Suspirou, os olhos afetados — Ela insistiu em vir, mas no estado em que se encontrava, não pude permitir.

Então você a viu esta manhã? Com que frequência isso acontece fora da academia? O subconsciente de Styles reverberou, fazendo-o travar o maxilar. Aquela informação era nova e desconcertante. Ela estava bem, Harry mesmo havia se certificado de seu estado há quase dois dias atrás. No mesmo segundo, seu cérebro se afogou em mil teorias e cogitou que o culpado fosse ele, por incitar a jovem a mergulhar no mar. Ele suspirou fundo, abaixou a cabeça e afundou as mãos nos bolsos de sua calça de alfaiataria, como se tentasse organizar suas ideias e se conectar com o seu lado mais racional.

— Espero que Mrs. Blossom se recupere e retorne para as aulas o quanto antes, a semana de exames se aproxima.

Porém, quando Styles cogitou se virar para prosseguir com a aula, a voz de Atlas o interrompeu:

— Com todo o respeito, mas não é como se o senhor se importasse, certo?

— Perdão?

Aquela resposta deixou Harry estupefato, especialmente vindo de um aluno tão culto e reservado como Atlas Connor. Através de sua breve análise comportamental, ele percebeu: o garoto estava defendendo sua colega de classe. Mas ele não fazia isso de modo orgânico ou natural, o sentimento parecia infringir fronteiras de emoções das quais sequer Savannah deveria estar ciente. Por mais que não demonstrasse, Harry sentiu-se ameaçado.

𝐈𝐥𝐥𝐢𝐜𝐢𝐭 𝐀𝐟𝐟𝐚𝐢𝐫𝐬 | 𝐇.𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora