obsession

726 85 35
                                    

Yugnir point of view


— Eu quero mais outra dose, não... não, eu quero comprar a garrafa de whisky. — Ergui a mão, sentado num banco acolchoado e preto do bar no qual eu me forcei a vir.

As luzes baixas e o som ambiente ressoavam como uma boa pedida para um final de semana, alguns casais se beijavam, enquanto outras pessoas, assim como eu, enchiam a cara sem pensar ou lembrar do dia seguinte.

— Traz a garrafa, porra, o cara não pode sofrer com uma garrafa de whisky? — Tentei reclamar e em menos de um minuto, peguei algumas notas da minha carteira, deixando-as em cima do balcão ao puxar a garrafa da mão do barman.

Eu conseguia vê-la caminhar a minha frente, seu sorriso ressoava como a única maravilha que eu queria naquele instante e não existia medo, angústia ou temor que me fizesse continuar sentado naquela espelunca.

Ela ainda vai ser minha mulher.

Ao me movimentar para fora do bar, observei ao redor, um sorriso se fez presente, eu finalmente teria coragem o suficiente, levei a garrafa aos lábios, tossindo ao finalizar o longo gole. As luzes se intercalavam gradativamente.

A mulher mais difícil de se conquistar, se encontrava a minha frente nos meus sonhos, mas talvez... Ela fosse real.

Dei um passo à frente e erguendo a mão. Eu pensei em tocá-la, mas ela se foi

— Marília? — Questionei, mas não havia ninguém.

O sorriso que se encontrava no meu rosto fora embora, mas eu não recuei, a coragem havia surgido, estar ao meu lado resultara numa ordem que ela fugiu por tempo o suficiente.

No final das contas, ela sempre fora destinada a ser minha, mesmo.

Marília e eu estamos ligados por uma força muito maior do que ela pode entender.

Eu preciso mantê-la aqui, ao meu lado, por perto. A necessidade em tê-la como a única chance que eu tinha na vida de ser feliz fora se enraizando no meu corpo e no final de tudo, eu me tornei aquele cara que almeja uma única mulher, independente de quantas acabam na minha cama ao final de cada noite.

Se você pudesse escolher uma única pessoa para passar o resto da vida ao seu lado, quem você escolheria?

Uma certa vez, escutei essa pergunta e logo me vi preso numa resposta que fora completamente aleatória e estranha, até que eu fui surpreendido com outro pensamento voltado àquela mesma imagem que se desenhara a minha frente.

Ela deve ter um sexo inigualável, o tesão que eu consigo sentir por ela é absurdo e diante a quantidade de tempo desejando sem ter, fazia sentido vê-la como pessoa que eu escolheria para o resto da vida.

A minha obsessão, meu sorriso e a minha loucura, se deve a essa mulher que se tornou a minha maior insanidade.

Uma parte de mim busca por algum resquício de sanidade, um controle da mente que fosse capaz de me levar a um recuo ainda maior do que não tocar o seu corpo. Minhas entranhas necessitam sentir sua pele macia, seus lábios carnudos.

Quando a vi naquela sala eu precisei morder a língua, fortemente, para suprir a necessidade de beijar-lhe os lábios tão convidativos.

Busquei lembranças de todas as mulheres com as quais eu flertei no final de semana anterior, tentei manter alguma delas por perto, pensei nas transas e até mesmo nos dias intermináveis de trabalho, para esquecer o sorriso, seu corpo, seu jeito, mais tudo nela ressoava como gatilhos que me deixavam como um animal.

Analisando meu desejo doentio e obsessivo por ela, a simples ideia de talvez transar uma única vez conseguia me deixar como um adolescente em plena puberdade.

Marília consisti na personificação de todos os meus desejos obscuros, mantendo presente a junção de uma adoração diante a perfeição que eu sei que ela não tem, como todo outro ser humano, mas que eu não consigo não adicionar a ela.

Não tenho o menor interesse em agir como um homem honrado e esquecer a necessidade de pôr as minhas mãos no corpo dela.

O tal do vício nos torna dependentes até mesmo quando nós acreditamos que não somos. Quando dei por mim, em algum instante da minha vida, me vi desejando cada vez mais por me encontrar perto dela.

Minha mente insisti em repetir um único nome. Marília. Marília. Marília.

Puxei meu celular do bolso e procurei com certa dificuldade pelo número dela, meu grande amigo havia me passado a alguns dias, não parecia um problema pra ele o fato de eu querer tanto sua filha.

Ligação On

— Alô, quem é? — sua voz firme soou do outro lado da linha.

— Marília.

Como pode até a voz dela me deixar assim.

— O que você quer, quem tá falando? — sua voz quase não saía.

— Eu nunca quis tanto algo na minha vida, quanto eu quero você Marília. — eu consegui ouvir a respiração dela mudar — Sou louco pra deixar minha marca nesse seu corpinho maravilhoso pra você não se esquecer a quem pertence.

— Isso não tem graça, quem está falando? — ela disse com raiva.

— Você será completamente minha Marília.

— Vai a merda cara! — desligou.

Ligação Off

Procurei pelo número dela na agenda e cliquei em seu nome para lhe telefonar novamente.

Já no segundo toque, a ligação foi recusada. Tentei outra vez e o mesmo aconteceu. Não me dando por vencido, retornei de novo.

― Se está recusando minhas ligações é porque está com o celular nas mãos. ― liguei novamente e mais uma vez recusado. ― O que ela tá fazendo de tão importante que não pode atender uma ligação urgente?

Disquei seu número novamente e, surpreendendo a um total de zero pessoas, ninguém mesmo, caiu direto na caixa postal.

Possesso, percebi que gastaria mais uma noite pensando em Marília e seus belos olhos castanhos. Ou em seu corpo firme e quente. Ou nas curvas discretas que seus lábios faziam quando dava um sorriso de mil significados.

Entrei na galeria do meu celular e busquei pelo álbum que eu tanto desejava, meus olhos se encheram com varias fotos de Marília, todas em momentos diferentes.

Porra, eu preciso dessa mulher pra mim.

YOUR EYESOnde histórias criam vida. Descubra agora