Léo

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"Quando você é mãe, consegue um lugar na primeira fileira para o melhor espetáculo da cidade: ver o crescimento dos seus filhos."

Algum tempo depois...

Maraisa point of view

A voz de Marília era baixa, mas eu logo ouvi ela me chamar e fazer barulho no andar de cima. Com calma, subi com minha caneca em mãos, tomando cuidado para não me queimar e entrei no quarto, dando de cara com Mali em pé, ao lado da cama.

— Eu acho que estou em trabalho de parto. — disse mais calma do que eu um dia imaginei.

— Você tem certeza? — perguntei sentindo meu coração acelerar e logo coloquei a caneca na mesa de cabeceira pra não deixar cair tudo no chão.

— Eu acordei sentindo uma dor muito forte, eu acho que é uma contração. — comentou apontando pro local e eu me aproximei ainda desacreditada.

— Precisamos ir pro hospital, ligar pra médica, Maiara... A bolsa, onde está...

— Mara, Mara, amor... - Marília se aproximou  segurando em meu pulso e me puxou para um abraço apertado. — Se acalma, minha bolsa ainda não estourou. Lembra do nosso plano?

— Avisar a Dra, encher a banheira. — Repeti o que nós já sabíamos de cor e me vi acalmar por um instante. — Ok, acho que estou mais nervosa do que você.

— Fica nervosa agora, porque mais tarde vou precisar de você. Vou preparar a banheira e tentar ficar lá um pouco, você me acompanha?

— Por toda minha vida. — coloquei minhas duas mãos no rosto de Marília, a beijando apaixonadamente.

Com a água quente ajudando a aliviar as dores das contrações, que ainda não eram tão próximas quanto o necessário, Marília conseguiu cair no sono. Já eu estou ainda mais acordada do que antes. A Dra já está ciente que Mali está entrando em trabalho de parto e com a ajuda de um app nos anotamos todas as contrações e a duração. Sabemos que se a bolsa estourar ou as contrações se tornarem mais frequentes, era hora de seguirmos para o hospital.

Por sorte, eram cinco da manhã quando Marília decidiu que não aguentava mais. Já não sabia quantas contrações estava tendo, nem se sua bolsa tinha estourado na banheira, mas não conseguia e nem queria pensar em mais nada, além da próxima contração que nem tinha começado e ela chorava antecipando a dor.

A ida ao hospital foi um misto de calmaria e tensão, a playlist que nós fizemos tocava e eu  mantive minha mão na perna da minha esposa por todo o trajeto, mas a cara e os grunhidos que ela soltava entre uma contração e outra, destroem meu coração.

— Ah, não falta muito. — a doutora anunciou tranquila — Já estamos com oito centímetros, mais dois e essa pequena estará pronta pra conhecer vocês.

— Só oito?! — Marília quase gritou, frustrada — Quanto tempo você acha que demora? Eu não sei se vou aguentar mais.

— Tenta dar uma volta com ela, Maraisa. — a médica pediu de forma doce, me encarando. — Pode ajudar. O peso do nenê vai pressionar o seu cervix, ajudando a dilatar um pouco mais rápido. Mas não ande o hospital todo, apenas uma voltinha e, se precisar, faça alguns exercícios na bola. Eu volto mais tarde pra ver vocês, mas qualquer coisa, é só chamar a enfermeira, que elas me encontram.

— Obrigado, doutora. — Agradeci por nós duas e ajudei minha esposa a descer da cama. — Devemos ligar para sua mãe?

— Sim amor, por favor. — Marília me deu o braço e nós duas saímos do quarto — Quando voltarmos você liga pra Maiara, ela já deve ter mandado a mensagem de bom dia, perguntando se já é tia.

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