Capítulo 18

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País do Fogo - Konohagakure.


A lua minguante brilhava perigosamente no céu enegrecido, era uma noite bastante agradável, não fazia muito frio e também não havia sinal algum de calor, a brisa da madrugada passava amigavelmente pelas poucas pessoas nas ruas, refrescando-as, os mais frientos, é claro, sentiam frio, mas os outros? Apenas suspiravam e apreciavam aquela típica madrugada. Era realmente uma boa noite, mas não para todos. Os sons irritantes dos passos apressados e até mesmo um pouco desesperados, ecoavam e ricocheteavam fortemente por entre as paredes escuras e estreitas das vielas de Konoha, era um barulho atípico, incomum, mas que, infelizmente ocorria com uma considerável frequência, principalmente naquela parte da Aldeia, aquela parte marginalizada e aquém de rondas dos ninjas, um local perfeito para um crime, certo? Ela observou de cima, os olhos cintilando de emoções complicadas e obscuras, nunca deixando a visão que se desdobrava abaixo de si, escondida no alto e em meio as sombras, ela era como um caçador experiente, esperando o momento certo para atacar, enquanto estudava minunciosamente a sua presa, ah... Aquilo seria glorioso!

Ela viu quando aquela mulher - aquela que vinha observando desde o momento em que saiu daquele prostibulo imundo e degradante - virar a esquina em um beco mal iluminado, as roupas quase inexistentes e a forte maquiagem a fazia ser facilmente reconhecível, uma belíssima prostituta diga-se de passagem, saindo no meio da madrugada após uma noite extremamente cansativa de trabalho, quantas mazelas aquela jovem mulher carregava consigo? Quantos arrependimento? Quantas dores? Quantas oportunidades jogadas fora? Quanta discriminação? Ah, ela sabia, como sabia! Porém, não se compadecia, cada um lutava com as armas que possuía, e se aquela era a da mulher, que mal tinha? Soltou uma pequena risada, enquanto voltava a perseguir a prostituta, ela era como um espectador, sentia-se vendo um teatro, algo que só ocorria em ficção, algo criado na mente deturpada de uma pessoa sádica e cruel. Foi realmente uma tragédia quando aquela mulher passou por um bar, ela escutou as vozes altas, os apelidos, os chamados, ela já deveria estar acostumada a isso, já foi chamada de tanta coisa, de tantos nomes, os xingamentos mais nojentos e asquerosos eram dirigidos a ela e a jovem sabia disso, entretanto, não deixavam de ser doloridos e repugnantes, sentia nojo de si mesma às vezes, mas que escolha tinha? Nunca lhe deram opções e quando deram, era isso, ou a morte, então... Erga-se!

Mas naquela noite, algo incomum ocorreu, quando ela passou pelo bar e não deu atenção aqueles homens, dois deles se levantaram, estavam visivelmente alterados, ela escutou os amigos daqueles dois os chamarem, mas ambos ignoraram e andaram em sua direção. Seu coração disparou e ela começou a caminhar mais rápido, deveria ser só uma impressão sua, eles devem ter se levantado apenas para irem para as suas respectivas casas, estava tarde, era madrugada, só os Deuses sabiam quantas horas eram! Eles estavam indo em bora, estavam indo para casa, eles tinham que estar indo para casa! Sua respiração começou a ficar ofegante, enquanto o coração começava a bater incessantemente contra o peito, ela virou uma, duas três esquinas, mas eles ainda estavam perseguindo-a, chamando-a e rindo, foi quando um deles acelerou os passos. Ela olhou brevemente por cima dos ombros, eles estavam perto, muito perto! O par de olhos castanhos se arregalaram e um grito ficou preso em sua garganta, quem iria ajuda-la? Ela era só uma prostituta e se tinham homens a perseguindo, não era isso o que ela merecia? Quem ajudaria alguém tão sujo e nojento como ela? A jovem começou a correr, estava longe de casa, o distrito vermelho de Konoha era afastado dos bairros urbanos, não tanto como deveria, mas era e apesar da sua casa ficar nos subúrbios, ainda era longe, muito longe!

De cima, ela olhava indiferente para a cena abaixo, pensava consigo mesma quanto tempo aquela mulher conseguiria correr, até onde ela iria? Até onde aguentaria? Aquela curiosidade quase infantil a fez continuar perseguindo-os, ela viu quando os homens começaram a correr também, gritando, chamando-a e a provocando, as risadas altas, as gargalhadas e o fedor de cerveja que saia deles aterrorizava qualquer um, em especial, era o pesadelo de qualquer mulher, de qualquer garota. Ela, no entanto, se manteve apenas observando e nunca interferindo, não era problema dela o que acontecia com os demais, inclusive, achava graça, era estúpido como aquelas criaturas - pois nem mesmo humanos eles eram para ela - agiam, a lei natural estava em vigor naquele momento, o mais fraco intimidando o mais forte, quem iria sobreviver? Era só aquilo que ela gostaria de saber, era só isso o que importava para ela, não era dever seu interromper o que quer que acontecesse lá em baixo, no fim, ela era indiferente a tudo o que ocorria abaixo de si, a vida daquela mulher, para ela, era como a vida de um inseto. Insignificante.

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⏰ Última atualização: Dec 07, 2022 ⏰

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